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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Noivo neurótico, noiva nervosa (1977)

 

"Me lembrei de uma velha piada. O cara vai ao psiquiatra e diz: 'Doutor, meu irmão é louco. Ele acha que é uma galinha'. E o doutor diz: 'Por que você não o interna?'. E o cara responde: 'Eu até internaria, mas preciso dos ovos'. É mais ou menos o que sinto sobre relacionamentos. São totalmente irracionais, loucos e absurdos. Mas nós vamos aguentando porque precisamos dos ovos."

Diane Keaton e Woody Allen. The perfect match. Em minha opinião, é impossível falar sobre Annie Hall (me recuso a repetir o infame título brasileiro aqui), de 1977, sem falar na relação dos dois. Tudo que eles foram juntos está nesse filme.

A comédia romântica moderna atingiu seu ápice aqui, em uma época muito apropriada, considerando a revolução que aconteceu no cinema americano nos anos 70. Chega dos romances protagonizados por pessoas perfeitinhas e com aquela divisão clara: amor à primeira vista, depois o casal se odeia, alguma coisa acontece, tudo se resolve e final feliz - pelo menos não mais por enquanto. Não na década revolucionária do cinema. Não se você quer ser cool. E Annie Hall é exatamente sobre isso; é o romance moderno. E pop.

Começou como uma versão atualizada das comédias sofisticadas dos anos 30 protagonizadas por Spencer Tracy e Katharine Hepburn; acabou sendo um dos maiores clássicos do gênero e um marco na carreira de Woody Allen.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

De repente num domingo (1983)

O cinema é o contrário de um jornal televisivo


François Truffaut

O último filme de Truffaut, De repente num domingo, é um mergulho naquilo que o diretor acreditava ser o cinema: uma válvula de escape à realidade. Portanto, ao escolher o p&b e uma trama tipicamente de filme noir para seu último filme, o cineasta despedia-se do público voltando às origens de um tipo de cinema que parecia muito distante – e parece muito mais hoje em dia –  no começo dos anos 80.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Os belos dias (2013)



De repente, você tem vontade de comer mousse de chocolate e no outro momento, você tem vontade de torta de maçã. Não existe uma razão para isso.Acontece. Fanny Ardant sobre sua personagem em Les Beaux Jours 
A vida de Caroline, apesar de aposentada e alguns anos mais velha que nós, se confunde com a nossa em Os belos dias. Esse filme, lançado no ano passado na França e este ano por aqui, vai além do plot “mulher mais velha saindo com homem mais novo”. Não, não isso; é uma reflexão sobre os prazeres inesperados que a vida nos traz, sobre como estamos de certa forma enclausurados na vida que construímos para nós mesmos.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

As diabólicas (1954)


Talvez você não os conheça de nome, mas certamente já tentou desvendar o mistério de alguma de suas histórias. Pierre Boileau e Thomas Narcejac foram talvez a fonte mais criativa de histórias para o cinema na década de 50 e 60. Esses dois caras, que escreviam juntos e utilizavam o nome artístico Boileau-Narcejac, foram os mestres do polar – o romance policial francês – nesse período. Um corpo que cai, de Hitchcock, é baseado em um de seus romances, Sueurs Froides. Além disso, outros filmes foram inspirados em suas histórias, como Maléfices dirigido por Henry Decoin. Boileau-Narcejac nem sempre são lembrados como os principais autores de romance policial francês; não em um mundo em que existe Arsène Lupin e Maigret. Apesar de ser uma pena, não enxergo isso como um problema, pois esses dois autores estão na cabeça de muitas pessoas que assistiram Um corpo que cai e As diabólicas, que acabaram se tornando dois chef-d’oeuvre da obra de Boileau-Narcejac. E, senhores, As diabólicas é talvez o melhor filme noir que você já viu na vida.

domingo, 9 de fevereiro de 2014

A rosa púrpura do Cairo (1985)



"I just met a wonderful new man. He's fictional, but you can't have everything.”

A insatisfação com o real e com o presente é uma das questões que perpetua a obra de Woody Allen. Para o diretor, que tem em seus filmes uma visão pessimista da vida, o cinema sempre foi uma válvula de escape. Seu desejo sempre foi que fosse possível enfrentar a vida sem precisar escolher entre a fantasia e a realidade. Em nenhum outro filme isso ficou tão claro quanto em A rosa púrpura do Cairo, onde a personagem vivida por Mia Farrow, é a síntese de tudo aquilo que o cinema sempre representou para Allen, bem como uma bonita homenagem aos filmes da época da Depressão.

Uma curiosidade: tenho um caso sério de amor com esse filme. Há  uns três anos atrás um amigo muito querido e colega da faculdade me disse que havia assistido A rosa púrpura do Cairo, e que a protagonista lembrava muito o meu jeito. Curiosa, fui atrás do tal filme, e tive que concordar: eu era (e sou, até hoje) Cecilia. Na verdade, talvez você concorde comigo depois de assisti-lo: todos nós somos um pouco Cecilia.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

O Mensageiro do Diabo (1955)


Encontrei The Night Of the Hunter (O Mensageiro do Diabo, no Brasil) numa lista de indicações sobre filmes de suspense. Finalmente assisti numa noite dessas e para os padrões de hoje não chega a assustar, apesar da proximidade com o macabro. É o único trabalho do premiado ator Charles Laughton na direção, e o cara mandou bem - é definitivamente uma das melhores fotografias em preto e branco que já vi, a luz da lua refletindo no rio remete facilmente à uma bela pintura! Stephen King indicou o filme como "um grande exemplo de um clássico do terror", tive que concordar!