Image Map

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Contagem regressiva para o Oscar: o ano de 1975


Coppola com medo de fazer filme, CÊ JURA?
Hollywood já não era mais a mesma em 1975. O cinema passava por uma revolução, encabeçada por nomes como Martin Scorcese, Francis Ford Coppola e Peter Bogdanovitch.  Particularmente, eu acho o Oscar dos anos 70 bastante significativo, pois esses diretores e alguns outros provaram para a Academia que dançar conforme a música deles rendia bons frutos. Os maiores temores dos estúdios, como O poderoso chefão, tornaram-se sucessos comerciais. Afinal esses jovens com umas ideias malucas na cabeça até que sabiam o que estavam fazendo.
O que teve em 1975? Muitas tretas de bastidores! Se olharmos para a história do cinema é engraçado pensar que Faye Dunaway e Roman Polanski se odiavam ao ponto de ela jogar uma xícara de xixi na sua cara (mais detalhes a seguir) e que Coppola estava temeroso ao realizar a continuação de O poderoso chefão. Porque no fim deu tudo certo. Faye concorreu ao Oscar e Coppola finalmente ganhou a estatueta de melhor diretor.


O ano em que uma sequência de um filme venceu de novo o Oscar de melhor filme

Dá para acreditar que Coppola não queria dirigir a segunda parte de O poderoso chefão? Pois é, o diretor estava temeroso que a segunda parte da trilogia fosse um fracasso. Ele dizia que se assim fosse, todos iriam olhar a primeira parte do filme e dizer que o filme era todo de Marlon Brando ou Al Pacino. Coppola não se sentia confiante o suficiente para chamar O poderoso chefão de seu. “Se eu levasse minha carreira ao atuário de uma seguradora, ele me diria para ficar longe de continuações se eu quisesse me manter com saúde” – declarou o diretor. No fim das contas, ele obteve um milhão de dólares que pediu para escrever o roteiro e dirigir. E então nascia a segunda parte da trilogia mais famosa de todos os tempos. O poderoso chefão – parte II concentra-se em mostrar a história de Don Vito Corleone (interpretado pelo jovem Robert de Niro) e sua ascensão à máfia. O jogo de claro X escuro que havia quebrado padrões em Hollywood continuava. O filme é tão escuro que você mal consegue enxergar, e os grandes figurões dos estúdios assustaram-se já que estavam acostumados com filmes de Doris Day - e nós sabemos que as cores dos filmes de Doriana Day chegam a doer nos olhos- .   O poderoso chefão – parte II tornou-se a primeira sequência a ganhar o Oscar de melhor filme, algo que já havia acontecido dois anos antes com a primeira parte.



Ellen Burstyn lacrando em Alice não mora mais aqui

Ô ano mais difícil para a Academia escolher o Oscar de melhor atriz, hein. A realeza estava presente entre as indicadas:

- Faye Dunaway por Chinatown
- Gena Rowlands por Uma Mulher Sob Influência
- Valerie Perrine por Lenny
- Diahann Carroll por Claudine

A nata, o crème de la crème dos anos 70 estava entre as indicadas. Acho que a concorrência ficou forte entre Faye, Gena e Ellen. Se eu estivesse assistindo à cerimônia, teria ficado muito contente se qualquer uma dessas três lindas ganhasse. A vencedora do Oscar, Ellen Burstyn, representa a virada dos anos 70 no cinema. Alice não mora mais aqui é um filme que apresenta a mulher que poderia muito bem ser sua vizinha. Os filmes dessa época têm um alto grau de realness, mostrando mulheres enfrentando os desafios de ser mulher: criar filhos sozinhas, lidar com as pressões sociais, enfrentar o machismo. É a primeira vez que assistimos as atrizes despidas do glamour e sendo gente como a gente. Alice não mora mais aqui mostra nossa personagem principal embarcando em relacionamentos abusivos, criando seu filho sozinha e que consegue encontrar forças para seguir frente a todas essas adversidades. Infelizmente Ellen não compareceu à cerimônia para receber o prêmio. Ela estava cansada de perdeu e decidiu não ir naquele ano.



Ingrid Bergman vencendo mais uma vez pelo filme errado

A teoria de que Ingrid Bergman ganhou o Oscar pelos filmes errados chega perto de seu ápice em 1975. Assassinato no Expresso Oriente, filme baseado no livro homônimo de Agatha Christie, reunia a nata da nata da Old Hollywood: Lauren Bacall, Martin Balsam, Anthony Perkins e Wendy Willer. O filme não é ruim, mas a atuação de Bergman não foi arrebatadora ao ponto de uma indicação ao Oscar. Neste ano, Ingrid concorria ao lado de Diane Ladd e Madeline Kahn. Diane Ladd estava sublime no papel da amiga de Alice (Ellen Burstyn) e para quem a Academia entregou o prêmio? Ingrid Bergman. Talvez você esteja pensando que sou uma hater de Bergman, inconformada por Missy ter perdido o Oscar para ela, mas não. A questão é que em 1979, no ano em que a atriz simplesmente derrubou todos os fornos em Sonata de outono ao lado de Liv Ullmann, ela não ganhou!!! E, gente, como ela merecia esse Oscar!! Se você assistir a Sonata de outono pensará que Assassinato no Expresso Oriente não é na-da perto disso. E de fato não é.

Venci de novo, motherfuckers!!!


E o melhor roteiro vai para o filme do diretor que não deixava seus atores irem ao banheiro

Chinatown é um dos maiores neo-noir da década de 70 e, particularmente, um dos meus filmes favoritos. Mas ô roteiro mais difícil de entender! Na primeira vez que você assiste ao filme, você pensa: o que um roubo d’água tem a ver com a personagem da Faye Dunaway? Espera, e o John Huston aparecendo de repente? Essa história tão confusa, mas magicamente muito bem bolada, consegue ter toques que mostram perfeitamente o contexto dos anos 30. A ideia fora criar uma história ao estilo Raymond Chandler com Jane Fonda e Jack Nicholson nos papeis principais. Robert Evans, produtor da Paramount, queria Roman Polanski na direção. O diretor polonês estava sumido desde o assassinato brutal de sua esposa, Sharon Tate. O irônico de Chinatown está nas histórias de bastidores. A relação entre Robert Towne, o roteirista do filme, e Roman Polanski estava deteriorada ao ponto de que Towne sabia que não seria bem vindo no set. Por isso, assistia aos dailies separadamente. A treta entre Roman e Faye também é lendária. Ela tinha dúvidas quanto à motivação de sua personagem e Polanski não estava a fim de esclarecê-las. Só diz as porras das falas. Sua motivação é o seu cachê. – ele teria dito a ela. Em outro episódio lendário, Roman levou uma xícara de xixi na cara (Ra Ra Ra Ratinho, todo povo tá ligado em você)  da atriz, que não deixava os atores irem ao banheiro.
Robert Towne, roteirista de Chinatown recebendo o Oscar.


Publicado por Jessica Bandeira.

Nenhum comentário:

Postar um comentário