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segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Morte em Veneza (1971)



O clássico de Luchiano Visconti baseado na obra-prima do escritor alemão Thomas Mann, conta a história de Gustav von Aschenbach, um compositor que diante de uma crise existencial, decide tirar férias em Veneza. Parece com mais uma viagem enfadonha, até que ele se apaixona irremediavelmente por Tádzio, um adolescente cuja beleza o atrai e oprime ao mesmo tempo. O fascínio pelo belo, a busca do sublime e do perfeito se contrapõe com uma epidemia que ataca a cidade, à pobreza que o cerca e a tudo que se afasta dos ideais estéticos. Tudo faz com que o compositor se sinta mais incompatível com o mundo, acentuando sua crise.

Sr. Gustav Aschenbach (Dirk Bogarde) é um professor e compositor musical que devido à complicações cardíacas, recebe orientação dos médicos para que faça um longo período de repouso antes de voltar ao trabalho. O professor se hospeda no luxuoso Grand Hôtel des Bainsem, em Veneza. Enquanto procura descansar, nota a presença de uma nobre família polonesa e é atraído imediatamente pela beleza de Tadzio (Björn Andrésen), um rapaz que aproveita as férias na Itália. Sr. Gustav não consegue ignorar a presença do garoto, e recorda de uma teoria sobre a origem da beleza.


No princípio, acho que Gustav encara com certo despeito a presença de Tadzio, afim de transformar seu fascínio em algo medíocre. Para ele a criação do belo é um ato espiritual, apesar disso é contrariado por Alfred, um colega que afirma que se trata de um dom que pertence à essência, aos sentidos. Na verdade, o professor tenta com todas as forças recuperar o equilíbrio enquanto Alfred o acusa de ser um homem frio, que se afasta da realidade por causa de suas razões morais. Gustav mal consegue entender por quê a presença do rapaz é tão perturbadora. Alguém já ficou sem reação ao redor de alguém muito admirado?

Merece destaque as sequências na praia, onde a câmera passeia entre o observador e jovens que correm e se divertem. Acredito que Gustav sentia-se reprimido perante tamanha beleza e juventude. Aliás, quem não associa praia com isso? Há um diálogo incrível onde Alfred questiona: "Sabe o que existe na base daquilo que agrada a todos? A medíocridade", e esse é exatamente o conflito de Gustav.

No livro de Thomas Mann, o encontro de Gustav e Tádzio é descrito da seguinte forma: "Com surpresa, Aschenbach notou que o menino era belíssimo. Seu semblante - pálido e graciosamente reservado, circundado por mechas cor de mel, com seu nariz levemente fino, a boca adorável, a expressão de sedutora e divina seriedade era evocativo de estátuas gregas da época áurea. Com toda sua perfeição formal, possuía tal atração pessoal que o observador julgou nunca ter encontrado algo similar, tanto na Natureza como na Arte."

Existe um documentário produzido paralelamente ao filme, chamado Alla Ricerca di Tadzio (À Procura de Tadzio) que descreve toda a jornada do diretor Luchino Visconti ao redor do mundo e as audições em busca do menino que se encaixasse na descrição acima. Era essêncial para que o filme funcionasse, que o personagem de Tádzio fosse fiel a descrição de Thomas Mann, para que o expectador compreendesse a transição de um compositor rígido e adepto das convenções morais em um mero observador.

Visconti sequer exigia que o ator falasse italiano, já que o personagem solta poucas palavras ao longo do filme. Tádzio representa a pureza e  o carisma, que desperta tanta curiosidade. Já aviso que algumas pessoas podem achar o ritmo do filme lento, no entanto quem apreciar as tomadas sem tanta ansiedade por um desfecho, pode se contagiar. Vale a pena compartilhar os sentimentos do protagonista, a trilha sonora e as paisagens do Lido! Morte em Veneza tem uma abordagem poética, sutil e mortal. Aproveite enquanto está disponível e assista ao filme completo e legendado no Youtube, boa sessão!

Publicado por: Guilherme Toffoli

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