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sábado, 9 de agosto de 2014

O Segundo Rosto (1966)


No fim dos anos sessenta a popularidade de Rock Hudson começava a despencar, depois de permanecer por 10 anos na lista dos astros mais populares. Em 1966, o ator encerrou seu contrato com a Universal e demitiu seu empresário de longa data Henry Wilson, finalmente tinha a liberdade de escolher os papéis que lhe agradassem e estava disposto a correr riscos. Ele realmente superou-se em O Segundo Rosto, um crítico chegou a dizer que ele deixou o glamour de lado, Rock queria sua carreira de volta.

Esse é um bom exemplo de filme subestimado. "Seconds" (O Segundo Rosto, por aqui) saiu de circulação pouco tempo após o lançamento, anos depois conquistou certo interesse e vários defensores do filme, Rock começou a receber prêmios de entidades cinematográficas e de universidades. É frustrante que uma obra como esta tenha levado tanto tempo para ser reconhecida. Dirigido por John Frankenheimer, Seconds é uma mistura de ficção científica com terror psicológico, e um dos melhores do gênero!

O filme questiona o que estamos dispostos a fazer para ter uma segunda chance, ser jovem de novo. No início da trama, Arthur Hamilton parece juntar a coragem necessária para comparecer numa consulta e se submeter a procedimentos cirurgicos que podem trazê-lo uma nova identidade, um novo rosto. Para isso é preciso forjar sua morte e desistir do passado. O caminho que o leva até esse consultório não poderia ser mais grotesco, passa por um frigorífico que serve de cobertura para essa prática médica nada convencional.

Hamilton ainda não está plenamente convencido sobre o procedimento. Nesse momento, Dr. Ruby entra em ação e começa a vender a morte como uma "decisão importante", o sujeito lunático explica que a cirurgia plástica é feita usando o tecido de um "cadáver fresco", enquanto esse homem explica o procedimento está mandando ver uma coxa de frango! O velho acredita que já viveu os anos mais importantes de sua vida e se convence de que pode "comprar" outra oportunidade. 

Arthur Hamilton agora se chama "Tony Wilson", ganhou um novo rosto, outra identidade e até certificados de estudo. Ele muda-se para uma bela casa na costa oeste da Califórnia, onde exercita suas habilidades com a pintura que agora é sua nova profissão. Logo em seguida conhece Nora Marcus, uma mulher excêntrica de meia-idade que abandonou a família e sua antiga vida para também se tornar uma "renascida".



O novo rosto de Arthur sendo projetado
com o tecido de um cadáver "fresco"


Uma das melhores cenas e um dos momentos mais "exóticos" da carreira de Rock é quando o personagem é arrastado para uma espécie de ritual naturalista em que as pessoas dançam nuas sobre uvas, tomando vinho! Quase como em uma orgia gigantesca! "O Segundo Rosto" foi a única vez em que Rock bebeu durante uma filmagem. Havia uma cena longa de embriaguez durante uma festa, seguida por um colapso nervoso. Ele estava bastante inseguro sobre como representá-la, de maneira que com a permissão de Frankenheimer, permaneceu bêbado durante os três dias necessários para filmar a sequência!

"Seconds" foi recebido com vaias em Cannes em sua noite de estréia. Somente quando o mestre de cerimônias subiu ao palco para anunciar a presença "surpresa" de Rock no festival é que finalmente se escutaram os aplausos. Rock compreendeu que, na verdade, eram seus outros filmes que o público estava aplaudindo. De certo modo, as pessoas não queriam assistir Rock Hudson daquela maneira. O fracasso comercial desapontou a todos, porque os envolvidos sabiam que o filme era melhor do que estava sendo dito sobre ele. Apesar da decepção e de ter evitado falar sobre o longa após o lançamento, quando entrevistado muitos anos depois, Rock reconheceu que achava "O Segundo Rosto" um de seus melhores trabalhos.


Nos bastidores, discutindo a cena da praia com John Frankenheimer
e relaxando no intervalo das filmagens.


Cartazes promocionais de "O Segundo Rosto".

Publicado por Guilherme Toffoli

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