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sábado, 17 de agosto de 2013

Momento Louella Parsons: Lana Turner, atração fatal



Histórias da vida pessoal de meus ídolos e dos ícones do cinema clássico sempre me fascinaram, e, sinceramente, não sei explicar o porquê. Basta apenas uma leitura de um livro ou de umas poucas linhas em uma revista ou na Internet, e lá estou espalhando as escandalosas histórias, intrigas, fofocas, bafões, os quem-pegou-quem da era da Old Hollywood. E jamais esqueço dessas descobertas feitas. Esse é meu lado Louella Parsons, uma das duas famosas e rivais colunistas da época (a outra era Hedda Hopper), que não perdoava nada, nem ninguém. Material não faltava mesmo para as fofoqueiras, pois, como diria James Montgomery, "Hollywood é pura Californication!"



Uma dessas histórias que descobri ainda no início da minha paixão pelo cinema e pela fofoca Old-Hollywoodiana foi a de Lana Turner, a mulher mais azarada em termos de relacionamentos amorosos. Apesar de todo seu talento, beleza e sucesso, ela jamais conseguiu ser completa e bem sucedida em sua vida sentimental.

Lana Turner foi descoberta aos 15 anos, em uma lanchonete perto da escola onde estudava, a Hollywood High. Um homem aproximou-se da jovem, apresentando-se como um agente, e perguntou-lhe se gostaria de ser uma estrela de cinema. Lana, que não estava em Hollywood a troco de nada, é claro, aceitou. Munida de uma saia justíssima e um sutiã sem o enchimento que se usava na época; assim, com uma blusa de seda, pareceria que ela não usava nada por baixo, ela foi à luta. Era exatamente o que o diretor Mervyn LeRoy procurava para o seu filme “Esquecer, nunca” (They won’t forget), de 1937: uma jovem atraente, e ao mesmo tempo inocente e sensual. Surgia então, a “garota do suéter” (título que ela ganhou na época, graças ao sutiã malandro). Logo, ela pintou suas madeixas escuras de louro, e o resto é história.

Os anos passaram, e o sucesso de Lana foi crescendo, fazendo com que aos poucos ela conseguisse provar para o público que não era só mais um rostinho bonito. Ao mesmo tempo, ela aproveitava a fama, e saía com um homem diferente a cada noite, o que fez com ela fosse repreendida pelo todo-poderoso da MGM, Louis B. Mayer, que chamou a atenção de Lana para a cláusula moral de seu contrato. Ela teve o trabalho de não dar atenção aos conselhos de Mayer, e se envolveu com diversos homens, inclusive com um dos affairs de Joan Crawford, Greg Bautzer. Tudo o que ela conseguiu com o relacionamento foi deixar de ser virgem, e, por fim, levar uma gongada fatal de Joan, que lhe disse, com toda a sua delicadeza peculiar: “É a mim que ele ama. Só que não arrumou ainda uma maneira de livrar-se de você”.

É possível imaginar a reação de Lana à alfinetada master de Joan. Ela afastou-se de Greg, e logo se envolveu numa série de relacionamentos desastrosos. Pode-se dizer que Lana foi a maior “dedo podre” que Hollywood já viu. Ainda sofrendo por causa de Greg, casou-se com Artie Shaw, que era conhecido por seu temperamento violento. O casamento durou apenas cinco meses. Em seguida, mostrando que flertar com o perigo era um de seus hobbies, a loira casou-se duas vezes (duas vezes! alô, Liz Taylor!) com o gangster Stephen Crane, com que teve uma filha, Cheryl. O primeiro casamento dos dois foi anulado, pois Crane já era casado (eu não disse que o cara era barra pesada?), e o segundo não durou muito, pois o marido não parava em casa, e ela era obrigada a sustentá-lo. Isso seria brincadeira de criança, se comparado ao que Lana teria que suportar ainda em sua vida amorosa.

Em seguida, a atriz apaixonou-se por aquele que ela chamaria de o grande amor de sua vida: Tyrone Power. O affair durou dois anos, e acabou após Lana engravidar e ter que abortar a pedido de Power, que não queria nada sério com a musa e, além disso, estava interessado por outra. Lana, dizem, jamais se recuperou desse rompimento. Carente, Lana tornou-se um alvo fácil. Dentro de pouco tempo, casou-se com Lex Baker. Outro relacionamento que acabou mal: Baker, após outro aborto de Lana, estuprou Cheryl, na época com 13 anos. Lana expulsou o marido de casa no meio da noite, ameaçando-o com uma arma. Este deixou a casa afirmando ter sido seduzido pela adolescente.

Desiludida, Lana começou a filmar “A caldeira do diabo” (Peyton Place) em 1957, até que começou a ser assediada por um homem misterioso, que dizia se chamar John Steele. Ele lhe mandava jóias o tempo todo e afirmava ser amigo de Ava Gardner. Lana aceitou por fim a sair com o insistente Steele, e dentro de poucos encontros, estava apaixonada. Logo, descobriu o verdadeiro nome de seu amante: Johnny Stompanato, um gangster perigoso e influente, além de notório mulherengo. Era tarde demais para se afastar, por isso a atriz continuou a vê-lo às escondidas da mídia e de seus conhecidos. 
Durante o tempo de relacionamento, aconteceu de tudo: Stompanato apanhou do então novato Sean Connery, ao aparecer no estúdio onde Lana gravava, empunhando um revólver, transtornado pelo ciúme; brigas homéricas e diárias, tentativas de homicídio por parte dele; longas cartas de amor; telefonemas a todo instante. Lana simplesmente não podia deixá-lo. “Chamem isto de fruto proibido”, afirmaria ela mais tarde.

Meses depois, Lana foi à cerimônia do Oscar, pois tinha sido indicada por Peyton Place. Ela sabia que não poderia levar Stompanato ao evento. Ele aceitou, desde que ela não fosse ao baile, que tradicionalmente acompanhava à cerimônia. É claro que Lana, sendo Lana, foi. Mais tarde, arrependeu-se dessa decisão. Ao chegar em casa, ela foi brutalmente espancada e violentada pelo gangster. Cheryl e a mãe de Lana assistiram a tudo, incapazes de fazerem algo por ela, que não quis denunciar o amante à polícia.

Lana, Stompanato e Cheryl.

O relacionamento chegou ao seu fim trágico quando, após outra briga violenta do casal, Cheryl, cansada do sofrimento da mãe, esfaqueou e matou Stompanato. Lana tentou assumir a culpa, mas Cheryl acabou sendo presa. Porém, não foi por muito tempo, já que a menina de 14 anos foi absolvida, pois para o júri, o caso obviamente tratava-se de legítima defesa. Durante a investigação no apartamento de Stompanato, cartas de Lana foram roubadas e publicadas em diversos jornais, fazendo a alegria dos mexeriqueiros de plantão. Também foram encontradas cartas de Cheryl Crane, o que levou a hipótese de que talvez o crime tivesse sido motivado pelo ciúme.

Lana acabou perdendo a guarda de Cheryl, que ficou morando com a avó, e todo o escândalo em torno do assassinato e do julgamento deixou-a no limbo por um curto período, sem público e falida. No entanto, Ross Hunter, que estava produzindo um filme que seria dirigido por Douglas Sirk, “Imitação da vida”, achou que Lana era exatamente o que estava procurando para o papel da atriz que precisa sacrificar a relação com a filha e com o homem que ama, em nome de sua carreira. Lana quase não aceitou, devido às semelhanças com sua vida, mas por fim foi convencida por Hunter. A ironia maior? No filme, a filha, interpretada por Sandra Dee, acaba se apaixonando pelo namorado da mãe. O filme acabou sendo um sucesso, e Lana conseguiu se reerguer.

Apesar disso, após esses acontecimentos, Lana trabalhou pouco, e teve mais alguns relacionamentos desastrosos. Levou um choque, quando Cheryl, já mais velha, confessou ser homossexual. Lana culpou a sua negligência como mãe e o fato de a filha ter sofrido abuso de Baker na adolescência. Cheryl reatou a sua relação com a mãe, que respeitou sua opção, após a reação inicial. Aos poucos Lana recolheu-se, abandonando a carreira, e foi mergulhando no anonimato. Apesar disso, a figura da grande atriz e da loira fatal, jamais deixou o imaginário do cinema clássico Hollywoodiano.




Publicado por: Camila Pereira

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