O ano de 1962 talvez tenha sido um dos mais importantes na carreira da atriz Jeanne Moreau, neste ano, ela fez seu primeiro filme com três grandes diretores, Orson Welles, François Truffaut (Jeanne anteriormente, apenas tinha feito, uma pequena participação em "Os Incompreendidos") e Joseph Losey. Truffaut conseguiu marcar a imagem da atriz e da mulher sedutora no triângulo amoroso “Jules et Jim”, fazendo com que até hoje Jeanne, seja atrelada a sua personagem Catherine; Orson Welles deu a oportunidade dela atuar no filme “O processo” ao lado de Anthony Perkins e Romy Schneider e, Joseph Losey, no filme “Eva” ratificou a sua imagem no cinema, de femme fatale, que não usa só a beleza, mas também a inteligência, para conquistar os homens.
Joseph Losey, teve seu trabalho banido
dos Estados Unidos no inicio da década de 50 pela ação do Marcarthismo (regime
anticomunista estabelecida nos Eua, que gerou a investigação de diversas
pessoas, incluindo personalidades de Hollywood) o que impediu ele de trabalhar
por lá, assim, ele foi para a Inglaterra tentar nossas oportunidades, mas apesar
de estar longe do seu país natal, foi difícil seus primeiros anos, pois seus
trabalhos, muitas vezes não eram aceitos justamente pela fama de comunista, o que dificultou e muito a sua volta por cima, que se deu apenas em 1963 com o lançamento do filme
“O criado”. Neste período, mesmo com tantas
dificuldades, é que ele produziu “Eva”, filme baseado no livro “Eve” do autor
inglês James Hadley Chase de 1945.
O filme conta a história do escritor Tyvian
Jones (Stanley Baker) que esta vivendo seus dias de glória, já que seu livro
foi adaptado para o cinema e, esta concorrendo no festival de cinema de Veneza,
sua namorada Francesca Ferrara (Virna Lisi) é a protagonista desse filme. Após o fim do festival, Tyler volta para
sua casa, uma linda mansão em Veneza e lá, vê que sua residência foi invadida
por um casal, que teve o motor do barco quebrado, e que em um ato desesperado
em busca de abrigo, invadiram o primeiro lugar que encontraram, são eles: Eva
Olivier (Jeanne Moreau) uma prostituta de luxo e um amante. Tyvian não conhece Eva, e essa não faz
muita questão de se fazer conhecer, ela se mostra atônita as palavras de Tyvian,
mostrando-se despreocupada com a presença de tudo e de todos ao seu redor, querendo apenas saber de
ouvir seus discos, uma das suas únicas e verdadeiras paixões.
Logo de cara, é possível ver como
Tyvian fica obcecado por Eva, que por sua vez como disse, estava atônita a tudo e a todos, e isso
fica bem claro mesmo sem ela ter qualquer tipo de diálogo, com seu amante ou
com Tyvian, o seu interesse por luxo e riqueza, é o que norteia seus interesses
amorosos. A partir disso, surge uma obsessão em Tyvian, que não é barrada nem
mesmo ele estando prestes a se casar com Francesca, pois ele vê como desafio
conquistar a atenção de Eva a qualquer preço.
Com isso, Tyvian certa
vez, segue Eva e outro amante até um bar exótico da cidade, e é nesse local que
poderemos ver a simbologia que o diretor Losey, utilizou; pois além do
próprio nome do filme, Eva, já simbolizar a “tentação” que uma mulher pode
representar sobre o homem, fazendo alusão a história de Adão e Eva,
neste local, é possível ver, um dançarino usando uma máscara, e a dança misteriosa com movimentos de tirar e por essa máscara, que simbolizam algum segredos de Tyvian. Isso fica bem claro, principalmente porque ele aparece usando
essa mesma máscara do dançarino diversas vezes, representando o que será descoberto
na sequência do filme.
Então, Eva e Tyvian começam
a ter um relacionamento, sendo esse, baseado em presentes, passeios caros e
luxuosos, Eva é fria e calculista, e seus relacionamentos são estritamente
profissionais, Eva não se apaixonava, e não quer que ninguém se apaixone por
ela, por isso, seu único medo na vida é o de envelhecer, o que faria com que
ela perdesse toda a dominação que ela tem sobre os homens. Ocorre então, uma
relação completamente destrutiva, tanto entre Eva e Tyvian, fazendo com que
esse se interesse cada vez mais por ela, e Eva apenas o despreze; quanto entre ele e Francesa, que mesmo
sabendo que seu noivo estava tendo um caso com outra mulher se casa com ele,
pois acredita que com o casamento, a fixação que ele tem por Eva, irá passar.
Enredo a parte, apesar desse
filme, não ser um dos mais conhecidos nem da Jeanne, nem do diretor Losey, que
por questões de patrocínio, teve que cortar o filme quase na metade, podemos
considera-lo extremante perfeito, porque tem a Jeanne pela ótima
atuação dos atores, por sua fotografia, e principalmente pela utilização de
várias canções de jazz como tema musical. A voz de Billie Holiday, cantando “Willow
Weep For Me” combina perfeitamente com a sensualidade que a Jeanne demonstrou
nesse filme, o que é possível ver na cena abaixo:
Por isso, é que vendo esse e tantos outros filmes da Jeanne, dá para perceber que, não foi atoa, que ela foi cotada para um
dos papeis mais conhecidos da década de 60, o de Mrs. Robinson em “A primeira
noite de um homem” (1967) que provavelmente lhe cairia feito uma luva, pois ela
sempre soube usar sua feminilidade e inteligência, tanto nos filmes, como na
vida pessoal, e é como sua personagem Amande diz em “Nikita” (1990), “Há duas
coisas que não tem limites: Feminilidade e os meios de tirar proveito dela”,
esse com certeza era um dos lemas da personagem Eva.
Publicado por Patrícia Jarra
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