Foi através de Os sonhadores (2003) que surgiu a vontade de ver A Vênus loira, e conhecer o trabalho de Marlene Dietrich. Eva Green imitando a uma das cenas mais famosas do filme é algo difícil de esquecer; lembro que assim que terminei de ver esse filme eu corri procurar todos os filmes que são citados, e A Vênus loira foi um dos primeiros que assisti. Para finalizar a homenagem do Cine Espresso às mães, decidi escrever sobre esse filme – apesar de não ter sido minha primeira escolha – após uma refrescada na memória, na qual me veio a forte lembrança de Helen Faraday, e Dietrich dando vida a essa personagem.
Josef von Sternberg e Marlene Dietrich circa, 1932 |
A Vênus loira foi o quinto filme da parceria Marlene Dietrich e Josef von Sternberg, diretor austríaco que a descobriu na Alemanha, e que foi o responsável pelo lançamento de sua carreira em Hollywood, através de um contrato com a Paramount Pictures. Sternberg também foi seu amante, e mais do que isso, o grande responsável por torná-la uma femme fatale mundialmente conhecida. Juntos filmaram até 1935 quando fizeram Mulher satânica. Como mãe, Marlene teve uma única filha, Maria Riva, fruto do seu casamento com o ajudante de diretor, Rudolf Sieber. Após a morte da mãe, Riva lançou um livro revelando histórias sobre sua vida e o relacionamento conturbado entre elas. Nele, ela afirmou que Marlene não queria ser uma estrela. Pensava que a maioria dos atores eram ciganos, e como veio de um meio aristocrático alemão, costumava usar esse meio para movimentá-la para frente na profissão; ela também caracterizou Dietrich como sendo controladora, egoísta, possessiva e neurótica - adjetivos esses (verdadeiros ou não), diferem bastante da personagem de Dietrich em A Vênus loira.
Marlene Dietrich e Maria Riva (1930). |
O filme começa quando Ned (Herbert Marshall) está na Alemanha estudando, e encontra algumas mulheres se banhando em um lago na floresta; mulheres que são bailarinas em um cabaré local. Logo ele se encanta por Helen Faraday (Marlene Dietrich) e a convida pra sair. Com um salto no tempo, vemos Ned e Helen já casados, morando agora nos Estados Unidos, e já com um filho, o pequeno Johnny (Dickie Moore). Desde o primeiro momento em que Helen e o filho aparecem em cena, vemos o amor que aquela mãe tem pelo seu filho; vemos também que é uma família simples, que passa por algumas dificuldades, mas sempre estão muito unidos. Isso fica bem claro quando todas as noites, antes de dormir, Johnny pede para a mãe e o pai contarem a história de como eles se conheceram, e os dois contam e interpretam como foi aquele momento tão especial.
Porém, o que parece um conto de fadas, muda quando Ned descobre que está contaminado por rádio, já que ele é um químico industrial e trabalha com esse tipo de substância. Ned tenta de todas as formas conseguir o dinheiro para o tratamento, mas como não está trabalhando em um serviço fixo e não encontra outro meio, Helen se oferece para ajudar, sugerindo voltar aos palcos, pois, depois de casados, ela se tornou uma dona de casa e abandonou a profissão de dançarina. Claro que na sociedade da época - 1932 - mas não muito diferente do que ainda vemos hoje, Ned não concorda com a ideia de ver sua mulher trabalhando, ainda mais como dançarina, mas mesmo assim ela não desiste e vai atrás de emprego.
E é a partir disso que a história dá uma guinada. Helen consegue um trabalho e vira a sensação do cabaré como a Vênus Loira, aonde conquista a atenção de todos os homens, inclusive de Nick Townsend (Cary Grant) um homem muito rico que está disposto a tudo para ter aquela mulher. É assim que ela começa a ter um caso com ele, e assim consegue pagar a viagem do marido para fazer o tratamento. Claro que passado seis meses o marido volta e acaba descobrindo a traição, começando assim o sofrimento de Helen como mãe, pois Ned não aceita as atitudes da esposa – que depois de um tempo foi morar na casa do amante e parou de trabalhar para ficar junto a ele e ao filho – e decide tomar Johnny da mãe a qualquer preço.
Helen foge, e o que vemos na sequência é a demonstração do puro amor de uma mãe pelo seu filho, já que mesmo sem condições ela percorre várias cidades tentando trabalhar em diversos lugares, mas com seu nome e rosto estampados nos jornais, fica difícil para arranjar emprego, e a situação deles vai se agravando. O mais bonito é ver que independente de quaisquer dificuldades que eles passam, a preocupação e o carinho que ela tem por Johnny só aumentam, e o apego do filho pela mãe também.
Publicado por Patrícia Jarra
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