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terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Momento Hedda Hopper: a relação conturbada entre Joan Fontaine e Olivia de Havilland





Olhando a foto acima, nem imaginamos que por trás dos olhares dessas duas atrizes se escondia uma das rivalidades familiares mais famosas de Hollywood. É certo que tanto Olivia como Joan fizeram papeis marcantes no cinema, mas a treta entre as duas irmãs é tão lendária quanto seus  filmes.

Reza a lenda que Joan e Olivia começaram a ter problemas desde a mais tenra infância. As irmãs têm apenas um ano de diferença de idade, Joan nasceu em 1917; Olivia em 1916. Esta última acreditava nos benefícios de ser primogênita, por isso não gostou muito quando ganhou uma nova irmãzinha. Os sentimentos de desprezo pareciam crescer mais e mais durante a adolescência, Olivia era a presidente da revista de sua escola e promoveu um concurso para eleger o melhor testamento, que supostamente deveria ser deixado para seus colegas. No testamento fake de Olivia, ela diz que “deixo para minha irmã a habilidade de conquistar o coração de garotos, coisa que ela não tem de forma alguma neste momento”. Joan diz não se lembrar de nenhum momento em que sua irmã fora dócil com ela. Na verdade. Olivia mais parecia estar interessada em tirar troça de Joan, que fraturou a clavícula por causa de um dia em que Olivia a atirou na piscina e se jogou em cima dela.

Quando De Havilland tornou-se uma estrela em Hollywood, o estranhamento  entre elas aumentou. Mais ainda, é possível? Sim, é. Além de ter desenvolvido um “complexo de Cinderela”, a mãe delas pediu que Joan não utilizasse o sobrenome “De Havilland” para não ser confundida com Olivia. Joan escolheu o sobrenome do padrasto que odiava para fazer carreira em Hollywood, Fontaine. Além disso, não estava permitido que Joan entrasse no mesmo estúdio que a irmã. Você acha que está ruim? Isso porque uzhomi não haviam entrado na meio dessa disputa para fazer aumentar o clima de rivalidade ainda. Errol Flynn, segundo alguns, foi um dos primeiros homens pelos quais ambas se interessaram. Olivia jura de pé junto que nada aconteceu entre eles, mas não sabemos. O que sei é que esses dois combinavam – e muito. Joan casou-se com a estrela do cinema britânico, Brian Aherne. Seria na véspera de seu casamento que um acontecimento só estremeceria o ódio entre as irmãs: Howard Hughes, milionário e diretor de cinema com quem Olivia saía, resolveu dançar com Joan. Quer dizer, quem dera se ele  tivesse dançado com ela. Mas não, Hughes resolveu pedir Joan em casamento. O que, é claro, não agradou De Havilland.

A rivalidade entre as irmãs também se estendeu no quesito papeis. Joan e Olivia disputaram o papel de Melanie Wilkes de E o vento levou, mas Olivia levou a melhor. Já no caso de Rebecca, a mulher inesquecível, filme de Alfred Hitchcock, Joan conseguiu o papel. O irônico é que, no ano seguinte, as duas concorreram ao Oscar por esses filmes! Felizmente nenhuma das duas ganhou (imaginem que um barraco estilo Programa do Ratinho iria acontecer). Contudo, em 1942, as duas concorreram novamente ao Oscar. Dessa vez, uma das duas ganhou e o clima fechou na hora do anúncio. Isso porque, ao ser anunciada, Joan mandou Olivia se levantar para cumprimentá-la. Levante-se, oras! Joan diz que ao anunciarem seu nome, um filme passou em sua mente, relembrando tudo que a irmã lhe fizera. Após esse episódio, ela perdeu o prestígio com Olivia, como se isso fosse possível.

Durante o natal de 1961 houve uma trégua, pois Olivia e Joan passaram as festas de final de ano juntas. Em 1969, Olivia enfrentava problemas financeiros e amorosos em seu casamento com o editor da revista de fofocas  mais famosa francesa, a Paris Match. Ela já vivia na França nessa época, tinha até escrito um livro sobre essa nova vida – que será resenhado por mim daqui alguns dias, espero –, Every Frenchman has one . Joan atendeu ao chamado de Olivia e deixou-lhe um cheque bem gordo para que ela pagasse suas dívidas. Parece que não houve muita conversa. Segundo Joan, Olivia não a deixava ver seus filhos e vice-versa. Essa é a natureza dessa senhora. Eu não me importo nenhum pouco – teria dito Joan.

Atualmente Olivia de Havilland vive em Paris. Ao ganhar o légion d’honneur, a medalha de honra francesa, os familiares de Olivia estavam lá para felicitá-la. Joan tinha ficado nos Estados Unidos, ignorando sumariamente o acontecimento. Talvez isso seja tão surpreendente quanto o fato das duas irmãs estarem em seus 90 e tantos anos e não terem se reconciliado. Infelizmente é tarde para isso, uma vez que Joan faleceu ontem. O que irá restar dessa rivalidade serão os eternos disse-que-não-me-disse e o livro sensacionalista de Charles Highman, Sisters: The story of Olivia de Havilland and Joan Fontaine. Como bem disse a Camila em nossa página no Facebook: uma estrela se foi e com ela um pouco da luz da Old Hollywood. Graças ao Deus da Projeção, os filmes são eternos.

Termino o post com uma frase altamente irônica e que, neste momento, nos soa como humor negro: “Eu me casei primeiro, ganhei o Oscar antes de Olivia e se eu morrer antes dela, ela sem dúvida ficará lívida porque ganhei dela de novo!”.

Hollywood e suas tristes ironias.
Descanse em paz, Joan Fontaine.


Publicado por Jessica Bandeira.

PS: Créditos da imagem de Olivia com seu Oscar para a página do Facebook, A noviça cinéfila

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