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terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Onze homens e um segredo (1960)


Gastei alguns bons minutos hoje para lembrar algum filme que tivesse a temática do ano novo envolvido, e nada muito claro surgia; eu simplesmente não conseguia. Até acreditava não ter visto nenhum que fosse relacionado ao tema - quando tentamos fazer coisas desse tipo, aí sim que as ideias não vêm. Logo, lembrei de um dos meus filmes favoritos: Onze homens e um segredo (Ocean's Eleven), de 1960, que trazia no elenco nada mais, nada menos do que o famoso Rat Pack. 

Rat Pack - que diabos é isso? Onze homens e um segredo sem Brad Pitt - isso existe? E o que isso tudo tem a ver com o ano novo? Desvendaremos esses mistérios nesse post.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Kate & Spence: "um sentimento ímpar"

"Amor não tem nada a ver com o que você espera obter, mas apenas com aquilo que você espera dar, o que vem a ser tudo. (...) Eu amei Spencer Tracy. Ele, os interesses dele e as exigências dele estavam em primeiro lugar. Isso não foi fácil, porque definitivamente eu era do tipo 'eu-eu-eu'. Foi um sentimento ímpar o que tive por S. T."
Esse ano tive, finalmente, a oportunidade de ler a autobiografia de uma das minhas atrizes favoritas de todos os tempos, Katharine Hepburn. Sempre a admirei por sua atuação e tinha uma vaga noção de sua personalidade de leituras que fiz aqui, ali e em todo lugar. No entanto, "Eu: histórias de minha vida" me surpreendeu por não ser uma biografia convencional. Bom, não deveria ser surpresa: a autora da biografia não poderia ser menos convencional. Kate traz histórias maravilhosas de uma vida brilhante, com seus altos e baixos, mas o que mais me marcou ao final da leitura foi, sem dúvidas, o amor desmedido que ela sentia por Spencer Tracy, e que rendeu uma das histórias mais marcantes de Hollywood. Amor desinteressado, amor incondicional; eis a lição que Hepburn me ensinou.

Every frenchman has one ou "as aventuras de Olivia de Havilland em Paris"



Como assim Olivia de Havilland escreveu um livro? Essa foi minha reação ao tomar conhecimento de Every Frenchman has one. É tão difícil achar livros escritos por nossos ídolos da Old Hollywood que a descoberta dessa pérola fez com que eu sentisse borboletas no estômago.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

A felicidade não se compra (1946)

"Strange, isn't it? Each man's life touches so many other lives. When he isn't around he leaves an awful hole, doesn't he?"
A Segunda Guerra Mundial rendeu muitos lucros para Hollywood, como não poderia deixar de ser, já que o cinema serviu na época como propaganda de guerra, e os filmes eram exportados para os países aliados, pois, devido ao esforço de guerra, os orçamentos de filmagens nesses lugares eram limitados. Além disso, muitos artistas viram sua vida mudar com a guerra, como o caso de Clark Gable, que perdeu a esposa durante o conflito, a atriz Carole Lombard, que estava em um avião abatido por engano pelos alemães. Abalado, ele se juntou aos soldados e combateu durante um longo período. Vários outros artistas estiveram envolvidos de uma forma ou de outra, e um deles foi James Stewart, que se alistou logo no início da guerra. A violência do conflito deixou sua marca no ator, que, após o término da guerra, voltou para os Estados Unidos desiludido e decidido a abandonar o cinema de vez. 

No entanto o seu amigo, o diretor Frank Capra, estava planejando aquele que seria seu último filme na RKO, e só conseguia ver Jimmy no papel do protagonista. Em consideração ao amigo, ele acabou aceitando, e assim nasceria um dos maiores clássicos natalinos de todos os tempos: A felicidade não sem compra (It's a wonderful life). Um verdadeiro conto de Natal, repleto de cenas memoráveis e que se tornaria referência, o filme mostra como uma pessoa pode fazer a diferença na vida de outras e na importância de se ter amigos verdadeiros.

Férias de Natal (1944)


Um filme de Natal que não se parece com outros filmes natalinos. Na verdade, Férias de Natal (1944)  é um noir inusitado dirigido pelo experiente Robert Siodmak, que durante toda a década de 40, lançou filmes incríveis e envoltos de mistério. Em plena tempestade, na noite de Natal, tentaremos desvendar os fatos que antecedem o crime. Estrelando Deanna Durbin e Gene Kelly, em uma performance arrebatadora longe dos musicais!

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Natal Branco (1954)



Então é natal e o que você fez? Que tal “então é natal e que filme iremos assistir?” White Christmas (Natal Branco) faz parte dos filmes que são tradicionalmente vistos na noite de natal nos Estados Unidos. A felicidade não se compra de Frank Capra também faz parte desse grupo. Também não é para menos, pois White Christmas tem tudo que um bom filme do gênero pede: músicas, atores e cenários incríveis.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Blue Jasmine (2013)


Depois de uma fase europeia - com filmes rodados em Londres, Barcelona, Paris e Roma - Woody Allen está de volta às origens. Filmado em San Francisco, Blue Jasmine é, com toda certeza, um dos melhores filmes dos últimos tempos, e, mais ainda, um dos melhores de Woody. Uma das marcas do diretor são, sem dúvida, personagens femininas marcantes, e Jasmine é uma delas - os homens dos filmes de Allen são geralmente uma variação da personalidade do próprio diretor.

Woody jamais escondeu sua paixão por alguns personagens do cinema - Rick Blaine, de Casablanca é um deles, sendo mostrado sempre como um ídolo e um modelo em seus filmes. Outra que vi várias vezes ser mencionada não só nos filmes de Allen, como também em seus contos, foi a icônica Blanche DuBois, vivida por Vivien Leigh em Uma rua chamada pecado (1951). A personagem, conhecida pelo desejo de escapar da realidade através da farsa apareceu, por exemplo, sendo imitada por Woody em O dorminhoco (1973). Mas, em Blue Jasmine temos uma livre e moderna adaptação da peça de Tennessee Williams. E se Vivien Leigh ganhou merecidamente o Oscar por viver Blanche, o mesmo podemos esperar de Cate Blanchett com Jasmine. Então, amigos, puxem suas cadeiras e esperem, pois acho que temos a vencedora do ano que vem.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

A Estranha Passageira (1942)


Quando Bette Davis ainda era a "galinha dos ovos de ouro" da Warner e havia arrecadado milhões para o estúdio, começou a luta pela escolha dos projetos e papéis que seriam interessantes para ela. Na época já tinha feito uma sucessão de vilãs e manchetes como "Ninguém é tão boa quanto Bette Davis quando ela é má" começavam a pipocar. Então, quando a Warner comprou os direitos de "Now, Voyager" em 1942, Bette foi ao escritório e disse "Eu escutei que vocês compraram Now Voyager para Irene Dunne, de jeito nenhum, eu preciso de um personagem simpático!". Após "Nascida Para o Mal" e "Pérfida", Bette se tornou a heroína do filme de Irving Rapper.

Momento Hedda Hopper: a relação conturbada entre Joan Fontaine e Olivia de Havilland





Olhando a foto acima, nem imaginamos que por trás dos olhares dessas duas atrizes se escondia uma das rivalidades familiares mais famosas de Hollywood. É certo que tanto Olivia como Joan fizeram papeis marcantes no cinema, mas a treta entre as duas irmãs é tão lendária quanto seus  filmes.

sábado, 14 de dezembro de 2013

O galante Mr. Deeds (1936)


Frank Capra foi, definitivamente um dos melhores diretores que o cinema já teve. Pena que não tem hoje o devido reconhecimento como tantos outros da mesma época. Em grande parte dos seus filmes, Capra expôs a sua visão do americano idealizado de bom coração, antimaterialista e a ideia de que quem tem amigos na vida, tem tudo. Em O galante Mr. Deeds, que deu à Capra seu segundo Oscar, ele apresentou a história de um de seus personagens idealizados (e um dos mais queridos também), que conquistam de imediato o espectador. Mostrando ainda o contraste entre a cidade pequena, com seus valores tradicionais e relações próximas, contra a frieza, o egoísmo e a falsa sofisticação da cidade grande, com suas luzes enganadoras, Mr. Deeds é um filme doce, capaz de arrancar suspiros saudosistas de quem o assiste e mesmo trazer à tona aquele eterno questionamento de quem assiste filmes antigos demais: por que não se fazem mais filmes assim? 

É o efeito Frank Capra.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Recomeçar (2003)



Sempre digo que os filmes me escolhem; não eu a eles. No dia em que tomei conhecimento de Recomeçar, eu estava lendo um pouco mais sobre Anne Reid, a protagonista de Last tango in Halifax. Ela tinha feito esse filme em 2003 e tinha ganhado muitos prêmios com ele. Mas o curioso era que ninguém falava sobre os prêmios ou sobre sua atuação; apenas sobre as cenas “polêmicas” de sexo que havia entre ela e Daniel Craig no filme. Se há algo que eu deveria evitar nessa vida é ler comentários alheios. No entanto, nunca aprendo. De repente, estou embarcando em uma overdose de comentários preconceituosos, que me dão vontade de vomitar e fazem com que eu me pergunte se essas pessoas vivem no mesmo mundo que eu. Voilà, foi o que aconteceu com Recomeçar. Comecei a ler as opiniões sobre o filme e nunca me deparei com tanto preconceito na minha vida. Basicamente as pessoas criticavam o filme por ter mostrado cenas de sexo entre uma mulher mais velha e um homem mais novo tão explicitamente. Como se as pessoas sexagenárias que fazem sexo fossem sujas ou não dignas de respeito. Aquilo atiçou ainda mais minha curiosidade de ver o filme. Eu achava que tinha um dever moral de vê-lo e relatá-lo para as pessoas que me leem aqui.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Como não perder essa mulher (2013)


Vivemos hoje na era do supérfluo, das coisas artificiais, objetivas e cada vez mais dinâmicas, e isso, obviamente, não poderia deixar de se refletir na forma como lidamos com os relacionamentos amorosos. O caso dos aplicativos que permitem ao usuário avaliar o desempenho e a aparência dos seus parceiros e que gerou polêmica recentemente, está aí para provar isso. Nesse contexto, Don Jon, a estreia de Joseph Gordon-Levitt na direção, mostra como essa artificialidade aliada às expectativas criadas (muitas vezes sob a influência da mídia) acaba prejudicando a visão que se tem do parceiro ideal e dos relacionamentos em geral.

O Expresso da Meia-Noite (1978)


Baseado na história real de Billy Hayes detido na Turquia quando tentava ultrapassar a fronteira com uma quantidade desconhecida de drogas. O jovem americano descobre da pior forma que a constituição dos EUA não está em seu passaporte quando comete um erro no exterior. O estúdio apostou em um ator novato, um roteirista novato e o diretor estreante Alan Parker (Mississipi Burning, Evita, A Vida de David Gale), que só tinha realizado um filme independente, até então.

Em 16 de maio de 1978, O Expresso da Meia-Noite participou do Festival de Cannes sob protestos turcos. Na Holanda, representantes da Turquia foram aos tribunais para banir Midnight Express, mas o juiz determinou que o filme seria exibido. Quarenta e um dias depois de o filme ser exibido em Cannes, os Estados Unidos e a Turquia iniciaram as negociações formais para a troca de prisioneiros.

sábado, 7 de dezembro de 2013

A morte lhe cai bem (1992)



Durante toda minha vida, uma imagem sempre me acompanhou: a de uma mulher sendo atirada do pé de uma escada, caindo e quebrando o pescoço. Eu tentava lembrar de que filme era e nunca conseguia. Até o dia em que, não sei como, descobri que a mulher caindo era Meryl Streep e que esse era o ponto de virada de A morte lhe cai bem. Esse filme, acho eu, é um clássico da minha geração. É muito difícil encontrar alguém que não lembre pelo menos dessa cena da escada. No entanto, às vezes parece que A morte lhe cai é só um filme de comédia. Só que não. Depois de olhar 500 vezes (falando sério, acho que já assisti mais de 20 vezes esse filme, se contarmos que durante uma época eu o assistia todas as noites antes de dormir), você começa a perceber o quão refinado ele é em termos de conteúdo.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Os amores secretos de Eva (1955)



Dizem as más línguas que Joan Crawford interpretou a si mesma nesse filme. A egoísta, manipuladora, charmosa, inescrupulosa Eva Phillips seria uma extensão do caráter da atriz. Verdade ou não, Queen Bee (Os amores secretos de Eva no Brasil) é um filme muito interessante, merecedor de uma boa review neste blog principalmente pela pegada Tennessee Williams que apresenta.

Queen Bee é um tapa de luva naqueles que acreditavam que uma atriz chegando aos 40 não poderia interpretar o papel de uma maneater (Nelly Furtado feelings) no cinema. Hollywood dos anos 50, sabe como é, medo da televisão tomar conta,– o que realmente aconteceu mais tarde -  por isso quanto mais juventude na tela melhor. Mas se seu nome é Joan Crawford, não importa o quão as pessoas digam que você é veneno de bilheteria, elas continuam indo ao cinema ver seus filmes. Elas continuam achando que você é diva. Queen Bee é a prova maior de que Joan Crawford era uma diva sem idade.


Drácula (1931)


Quando Carl Laemmle fundou a Universal Pictures em 1915,  um dos projetos que logo considerou para a produção, como filme mudo, foi o clássico filme de terror, Drácula de Bram Stoker. Dezesseis anos depois, a Universal finalmente produziu o primeiro filme de terror sobrenatural falado.

"Ninguém entendia ao certo na época, coisas como mansões quebradas, em ruínas com enormes teias de aranha. Havia tatus correndo e morcegos voando. Na verdade, Browning e a Universal são responsáveis por quase toda a iconografia que associamos a filmes de terror. Capas longas, escadarias, mofo e podridão, aranhas e morcegos. Tudo que agora é da matinê de sábado, coisas para crianças, veio de Drácula." - Bob Madison (Film Historian)

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

O Porco Espinho (2009)


O Porco Espinho (Le Hérisson) de 2009 foi uma das melhores surpresas com o cinema francês que tive esse ano. Um filme extremamente sensível e também uma reflexão sobre a infância, o desgaste da rotina, sobre as pessoas se acomodarem em seus esconderijos, se apaixonar, encarar o sentido da vida e a morte como uma possibilidade. É todo ambientado em um prédio, especialmente na rotina de Paloma, Renée e Kakuro Ozu.

Paloma (Garance Le Guillermic) é uma garota introvertida, que tem a idéia fixa de suicidar-se quando completar 12 anos, no fim do período escolar. Apesar de inteligente, tem dificuldade em adaptar-se aos colegas e a rotina de casa, tende a enxergar a vida como uma série de eventos programados, que não fazem muito sentido. Ela leu que não importa as circunstâncias ou hora da morte, mas o que se está fazendo naquele exato momento. Por isso, planeja algo grandioso, gravar um filme sobre os últimos dias de sua vida.