Jerry, George, Kramer e Elaine. Quatro personagens fictícios que são para mim como amigos conhecidos, muito queridos, que jamais falham em me animar quando estou deprimida. Eles sabem tudo sobre o nada. Aliás, é sobre isso que Seinfeld, a série estrelada por esses quatro personagens, fala: nada.
Uma das séries de mais sucesso nos Estados Unidos e no resto do mundo, Seinfeld ganhou esse título mesmo, de "a série sobre o nada", e nessa semana fez aniversário; são 25 anos desde que o episódio piloto foi lançado. The Seinfeld Chronicles, como se chamava o tal episódio, foi ao ar ainda com um ar rudimentar, no dia 5 de julho de 1989. Na primeira cena, Jerry e George debatiam sobre o lugar de um dos botões da camisa de George (isto é, nada). Assim começou a série que mudou a vida de muita gente, retratando o cotidiano do norte-americano, mais especificamente, do nova-iorquino, de modo geral. Mas muita coisa mudaria do piloto para o sucesso absoluto que conhecemos hoje.
Ladies and gentlemen, the show about nothing!
Seinfeld foi criada por Jerry Seinfeld e o amigo Larry David. A ideia inicial era criar um show que mostrasse o cotidiano de Jerry atrás de material para o seu stand-up de todas as noites. Mas parecia difícil levar o seriado adiante com essa ideia... Os dois amigos foram até a NBC, sem muita confiança no próprio projeto, que acabou sendo aceito. Larry ficou apavorado com a ideia de ter que escrever um novo episódio toda semana (se o episódio piloto já tinha sido um pesadelo para ele!). Roteiro do piloto aprovado, só faltava escolher o elenco e começar a filmar.
O personagem principal seria Jerry interpretando uma variação de si mesmo: o judeu nova-iorquino, filho único, comediante que faz suas piadinhas sobre situações cotidianas. Ok. Bem, Jerry precisava de um amigo. Se na vida real, Seinfeld tinha Larry, na ficção, ele tinha o famigerado George Costanza, um dos melhores personagens de toda a história da televisão, por dois motivos: pela caracterização brilhante do ator Jason Alexander, que convenceu Jerry e Larry de cara nos testes para o personagem, fazendo um George a la Woody Allen; e, segundo, porque George ERA (e é) o Larry David. A maioria das situações absurdas pelas quais George passou durante a série saíram da vida dele. George Costanza era o retrato exato de um fracassado legítimo, egoísta, mentiroso, preguiçoso, mau-caráter, especialista em se meter em situações constrangedoras... mas que não podemos deixar de amar, desde o primeiro minuto da série.
Depois de George, que na série é amigo de Jerry desde os tempos de escola, temos Kessler. Peraí, Kessler? Isso mesmo. Uma das grandes diferenças do episódio é que o personagem Kramer, vivido pelo brilhante Michael Richards, é chamado de Kessler. Isso porque Kramer/Kessler é baseado em Kenny Kramer, vizinho abusado de Larry David na vida real. Com medo de ter problemas com direitos autorais, o personagem ganhou o nome de Kessler no episódio piloto. Já no segundo episódio, Richards entraria definitivamente na série como Kramer, um personagem que foi ganhando cada vez mais espaço na série. Kramer era o vizinho da frente de Jerry, que não exita em entrar sem bater e mexer na geladeira do amigo. Ele não trabalha, e está sempre rodeado de mulheres, e inventa negócios inovadores (uma pizzaria onde podemos fazer nossa própria pizza, alguém?), e tem um bando de amigos obscuros e estranhos. Em resumo, um vadio do bem e excêntrico.
Com o Fab Four reunido, a série seguiu uma trilha de sucesso absoluto. Foram nove temporadas, com seu término no auge absoluto. Foram muitas frases de efeito repetidas pelo público, palavras e expressões que entraram para cultura popular americana ("Yada, yada, yada..."), bem como um elenco coadjuvante fantástico: Jerry Stiller, como Frank Costanza, o pai de George (que rendeu alguns dos momentos mais engraçados de todo o seriado); Estelle Harris, como a sra Costanza (o casal rendeu boas risadas, e deu pra entender o porquê de todos os defeitos de George); Wayne Knight, como o carteiro Newman, vizinho do prédio e arqui-inimigo de Jerry; Len Lesser, como o escandaloso tio de Jerry, Uncle Leo ("JERREY!"), e muitos, muitos outros coadjuvantes maravilhosos.
Seinfeld tem um humor inovador e autodepreciativo, a cara dos anos 90. Existem muitos episódios icônicos, mas prefiro montar um post separado contendo um top 10 de episódios, pois Seinfeld merece. Afinal, qual a série conseguiu fazer um episódio inteiro sobre um concurso de quem consegue por mais tempo ser "mestre do seu domínio", sem usar termos vulgares. Coisas de mestres do humor. Serenity now, serenity now!
Ah, e é preciso comentar aqui também a tal comparação entre Seinfeld e Friends. Eu li a melhor resposta em um blog outro dia: Friends é Beatles; Seinfeld é Rolling Stones. Nunca pude pensar em uma definição melhor. Afinal, enquanto Friends tem seus momentos "ooown", em Seinfeld eles debocham totalmente desse tipo de coisa. São dois tipos diferentes de humor, eu acredito. E Seinfeld quebrou paradigmas, e segue influenciando até hoje a televisão de um modo geral. Pena que nunca mais se fez humor como aquele...
E foi uma bela história a desse humor. O episódio piloto estava aí 25 anos atrás, e era só o começo. Logo, logo, a série e o elenco estariam lacrando e levando para casa todos os Emmys possíveis. E o resto, é história. E vocês sabem como é. Yada, yada, yada, fim.
Publicado por Camila Pereira
O personagem principal seria Jerry interpretando uma variação de si mesmo: o judeu nova-iorquino, filho único, comediante que faz suas piadinhas sobre situações cotidianas. Ok. Bem, Jerry precisava de um amigo. Se na vida real, Seinfeld tinha Larry, na ficção, ele tinha o famigerado George Costanza, um dos melhores personagens de toda a história da televisão, por dois motivos: pela caracterização brilhante do ator Jason Alexander, que convenceu Jerry e Larry de cara nos testes para o personagem, fazendo um George a la Woody Allen; e, segundo, porque George ERA (e é) o Larry David. A maioria das situações absurdas pelas quais George passou durante a série saíram da vida dele. George Costanza era o retrato exato de um fracassado legítimo, egoísta, mentiroso, preguiçoso, mau-caráter, especialista em se meter em situações constrangedoras... mas que não podemos deixar de amar, desde o primeiro minuto da série.
Depois de George, que na série é amigo de Jerry desde os tempos de escola, temos Kessler. Peraí, Kessler? Isso mesmo. Uma das grandes diferenças do episódio é que o personagem Kramer, vivido pelo brilhante Michael Richards, é chamado de Kessler. Isso porque Kramer/Kessler é baseado em Kenny Kramer, vizinho abusado de Larry David na vida real. Com medo de ter problemas com direitos autorais, o personagem ganhou o nome de Kessler no episódio piloto. Já no segundo episódio, Richards entraria definitivamente na série como Kramer, um personagem que foi ganhando cada vez mais espaço na série. Kramer era o vizinho da frente de Jerry, que não exita em entrar sem bater e mexer na geladeira do amigo. Ele não trabalha, e está sempre rodeado de mulheres, e inventa negócios inovadores (uma pizzaria onde podemos fazer nossa própria pizza, alguém?), e tem um bando de amigos obscuros e estranhos. Em resumo, um vadio do bem e excêntrico.
Com esses três personagens, Seinfeld surgiu. No episódio piloto, Jerry e George discutem as mesmas coisas de sempre, como, por exemplo, o lugar dos botões da camisa. Mas, logo em seguida, o papo fica mais sério, e eles passam a discutir as intenções de uma "amiga" de Jerry, que virá a Nova York e pede para ficar em seu apartamento. George dá dicas para Jerry interpretar os sinais da garota. Kramer aparece pouco. É um episódio fraco, se comparado ao que viria em seguida. E ainda mais importante: no episódio piloto, Elaine Benes ainda não existia.
Pois é, ainda bem que os executivos da NBC acreditaram nessa série, apesar do piloto. E aí eles sugeriram a entrada de um personagem feminino. Foi aí que Larry e Jerry criaram Elaine, interpretada pela maravilhosa diva lacradora do Emmy, Julia Louis-Dreyfus. Com certeza, ela fez toda a diferença para o seriado. Elaine é "um dos caras", simplesmente. Ex-namorada do Jerry, Elaine tem um ótimo relacionamento com o mesmo, através de quem conhece George e Kramer. Ela acaba, involuntariamente, se tornando amiga e companheira deles também. Elaine trabalha em uma editora, mas tem diversos empregos, chefes e namorados diferentes no decorrer do seriado. Ela é inteligente, e inicialmente, talvez a mais sensata deles quatro. Mas conforme os anos vão passando, ela acaba sendo contagiada pelos outros. Ah, e não esqueçamos: Elaine também dança de um jeito muito, er... peculiar.
Com o Fab Four reunido, a série seguiu uma trilha de sucesso absoluto. Foram nove temporadas, com seu término no auge absoluto. Foram muitas frases de efeito repetidas pelo público, palavras e expressões que entraram para cultura popular americana ("Yada, yada, yada..."), bem como um elenco coadjuvante fantástico: Jerry Stiller, como Frank Costanza, o pai de George (que rendeu alguns dos momentos mais engraçados de todo o seriado); Estelle Harris, como a sra Costanza (o casal rendeu boas risadas, e deu pra entender o porquê de todos os defeitos de George); Wayne Knight, como o carteiro Newman, vizinho do prédio e arqui-inimigo de Jerry; Len Lesser, como o escandaloso tio de Jerry, Uncle Leo ("JERREY!"), e muitos, muitos outros coadjuvantes maravilhosos.
Seinfeld tem um humor inovador e autodepreciativo, a cara dos anos 90. Existem muitos episódios icônicos, mas prefiro montar um post separado contendo um top 10 de episódios, pois Seinfeld merece. Afinal, qual a série conseguiu fazer um episódio inteiro sobre um concurso de quem consegue por mais tempo ser "mestre do seu domínio", sem usar termos vulgares. Coisas de mestres do humor. Serenity now, serenity now!
Ah, e é preciso comentar aqui também a tal comparação entre Seinfeld e Friends. Eu li a melhor resposta em um blog outro dia: Friends é Beatles; Seinfeld é Rolling Stones. Nunca pude pensar em uma definição melhor. Afinal, enquanto Friends tem seus momentos "ooown", em Seinfeld eles debocham totalmente desse tipo de coisa. São dois tipos diferentes de humor, eu acredito. E Seinfeld quebrou paradigmas, e segue influenciando até hoje a televisão de um modo geral. Pena que nunca mais se fez humor como aquele...
E foi uma bela história a desse humor. O episódio piloto estava aí 25 anos atrás, e era só o começo. Logo, logo, a série e o elenco estariam lacrando e levando para casa todos os Emmys possíveis. E o resto, é história. E vocês sabem como é. Yada, yada, yada, fim.
Publicado por Camila Pereira
Só posso dizer que lacrou muito com esse post, Camis! Seinfeld é uma das melhores séries da vida, os anos 90 foram muito profícuos em relação a isso. Não existem mais séries como as que eles fizeram nessa época, às vezes tenho a sensação de que é tudo a mesma coisa.
ResponderExcluirBeijos!