A época das premiações é a mais esperada do ano pelos cinéfilos. É hora de fazer as apostas e se reunir na casa dos amigos, juntamente com o balde de pipoca, para assistir à cerimônia do Oscar. Enquanto isso ainda não acontece, o Cine Espresso começa uma série relembrando o melhor e o pior de alguns anos da premiação do Oscar. Pegue a xícara de café e venha conosco!
O ano de 1947 foi um ano em que o Oscar mais parecia uma novela mexicana do que qualquer outra coisa. Teve chororô, barracos ao estilo Programa do Ratinho e gente esnobada de novo por Hollywood.
O grande barraco de 1947: Olivia de Havilland ignora sumariamente sua irmã, Joan Fontaine (RA-RA-RATINHO todo o povo tá ligado em você feelings)
A treta entre as irmãs Olivia de Havilland e Joan Fontaine não é de hoje. As duas já detestavam desde a tenra infância e a rivalidade na vida adulta só se itensificou. Isso porque as duas resolveram ser atrizes, não obstante disputaram até os mesmos papéis. Em 1942, as irmãs concorreram ao Oscar de melhor atriz, mas Fontaine levou a melhor por Suspeita. Mas como a vingança nunca é plena, mata a alma e envenena, De Havilland iria provar o gostinho de esfregar o Oscar na cara da irmã. Olivia venceu por Só resta uma lágrima. Em 1942, Joan teria mandado Olivia levantar-se para cumprimentá-la. Já em 1947, De Havilland não só esfregou seu Oscar na cara de Fontaine como também a ignorou. Há uma foto que mostra Olivia virando a cara, séria, para a irmã. Essas duas fizeram escola no Programa do Ratinho!
Melhor filme: Os melhores anos de nossas vidas de William Wyler
Como não é só de barracos que vive o homem, a cerimônia do Oscar de 1947 também teve seus momentos emocionantes. Dois anos após o final da 2ª Guerra Mundial não parece coincidência que um filme sobre essa temática tenha varrido os prêmios do Oscar. Ele foi indicado em oito categorias e venceu sete! Os melhores anos de nossas vidas conta a história de três veteranos de guerra que voltam para a casa depois do conflito. Ele funciona quase como uma releitura de Nada de novo no front, tratando os horrores da guerra e como ela é endeusada por aqueles que estão de fora do conflito. Destaque para Harold Russell no papel de Homer, um marinheiro que tem as mãos amputadas. Todos o tratam com piedade. Os melhores anos mostra como a reabilitação dessas pessoas que voltaram da guerra é quase impossível, uma vez que os horrores que viveram estão marcados à ferro e fogo na mente delas. Um filme que endeusa os valores americanos não poderia não ter varrido as premiações no Oscar. Típico de Hollywood.
O esnobado do ano: Frank Capra
Em 1947, Frank Capra foi sacaneado com o filme que talvez seja o melhor de sua carreira, A felicidade não se compra. Indicado em todas as categorias, perdeu em melhor filme e melhor diretor. Assim como Os melhores anos de nossas vidas, o filme reflete a melancolia e tristeza dos anos pós-guerra. Capra perdeu para William Wyler, diretor de Os melhores anos de nossas vidas. Frank já tinha três Oscars em casa: um por Aconteceu naquela noite, outro por A mulher faz o homem e ainda outro por Do mundo nada se leva. Porém vocês hão de concordar comigo que A felicidade não se compra merecia varrer as premiações. O consolo de Capra talvez seja ver que seu filme virou um clássico de todos os tempos, sendo revisto uma vez atrás da outra na época do natal.
O filme esnobado em todas as categorias: À beira do abismo
Como assim, Academia? Não é de hoje que a Academia faz bobagens e em 1947 não poderia ter sido diferente. À beira do abismo, filme de Howard Hawks, foi um dos grandes filmes noir da época. Talvez o fato de que você precisa assistir 09409093 vezes para entendê-lo tenha feito com que o filme fosse ignorado. Humphrey Bogart ignorado como Phillip Marlowe! O homem que definiu os contornos dos detetives desse gênero de filme foi ignorado. Difícil acreditar. Lauren Bacall ensinando Bogart a assoviar também foi ignorada. Mas nem melhor fotografia em p&b?Não. Parece que ninguém queria saber de detetives, chantagem e iluminação negra naquele ano.
O homem que levou dois Oscars por um único papel: Harold Russell
Harold Russell fez o papel de Homer em Os melhores anos de nossas vidas, um veterano de guerra que volta para a casa com as mãos amputadas e que por isso tem ganchos no lugar delas. Mas o que parecia ficção na verdade era realidade, pois Harold realmente teve as mãos amputadas, o que torna seu personagem muito mais verdadeiro. O ator venceu na categoria de melhor ator coadjuvante e ainda levou um Oscar Honorário, um prêmio de consolação porque não se acreditava que ele pudesse ganhar na categoria coadjuvante, para casa . Ele levou esperança e coragem a seus colegas veteranos de guerra, então nada melhor do que esse prêmio por sua contribuição. Acredito que 1947 foi um ano bastante especial para a premiação, pois os EUA estavam se recuperando da guerra. Havia aquele sentimento patriótico e ao mesmo tempo melancólico no ar.
E numa quinta-feira, dia 13 de março de 1947, a Academia premiou os melhores do ano de 1946. Acha que acabou? É claro que não! Acompanhe-nos por aqui, pois ainda não falamos sobre o famoso ano em que Joan Crawford buscou o Oscar por Anne Bancroft, dando nos dedos de Bette Davis. E nem das quatro vezes em que Barbara Stanwyck concorreu ao Oscar e foi sumariamente esnobada. Essa série sequer começou. Fiquem ligados!
Devidamente oscarizados. |
Publicado por Jessica Bandeira
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