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quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Agora Seremos Felizes (1944)

"O cativante musical de Minnelli chega fresco como tinta a cada vez que é assistido!"

O mundo estava em guerra em 1944 e "Meet Me In St. Louis" era um retrato nostálgico da perfeita família americana do início do século passado. Para o figurino, a estilista Irene Sharaff encontrou no material da MGM o catálogo da Sears de 1904. Vincente Minnelli, que começou como cenógrafo na Broadway, teve cuidado minuncioso quanto a fotografia deste, que foi seu primeiro em technicolor. Sobre o período de pesquisa e sua incansável preocupação com os detalhes, vale mencionar as palavras do próprio: "Acho que um filme inesquecível, é feito de centenas de coisas escondidas."

Recentemente, encontrei o DVD esgotado no Brasil, a venda na locadora por preço de banana. Foi a oportunidade que faltava para conhecer o filme que a tanto tempo queria assistir e um amigo avisou "Veja o quanto antes, se eu pudesse morar em um filme, seria em Meet Me In St. Louis". Mais que um clássico Natalino, "Agora Seremos Felizes" deve ser descoberto em qualquer estação!

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

A loja da esquina (1940)



Sempre digo que os filmes podem nos surpreender para bem ou para o mal. Para não falar de novo sobre Barbara Stanwyck (a intenção era que minha dica de natal fosse Remember the night, um de seus filmes com o adorável Fred MacMurray), decidi procurar uma lista de filmes de natal. Foi mais ou menos como a personagem de Cher em Minha mãe é uma sereia escolheu a cidade onde ela e as filhas morariam: apontei o cursor para o primeiro filme da tela. E esse filme era A loja da esquina.

Só posso dizer que foi uma escolha surpreendente. Quando o filme terminou, a primeira coisa que me perguntei foi: onde está o espírito de natal? Será que devo escrever sobre ele? A loja da esquina me deixou uma sensação de melancolia e levemente triste. Porém, se você olha com atenção para o filme verá que ele exalta algo que deveríamos levar para a vida inteira: a capacidade de enxergar o lado bom das coisas, mesmo quando tudo parece fadado ao fracasso.

Um anjo caiu do céu (1947)



Como Jessica disse na edição dos Clássicos de Natal do ano passado: então é Natal, e que filme iremos assistir? Tendo isso em mente, trazemos de volta a série de posts com clássicos natalinos para você entrar no clima da data.

E começamos com um filme de 1947, que traz nada mais, nada menos, Cary Grant no papel de um anjo um tanto quanto safado e conquistador. Além dele, Um anjo caiu do céu traz também David Niven (que tem cara do tio que faz a piada do pavê) e Loretta Young nos papéis principais, e contém todas aquelas boas sensações que geralmente os filmes ambientados nessa época nos provocam.

E olha, tomara que, se os anjos existirem, eles sejam igual ao Cary Grant nesse filme.

domingo, 21 de dezembro de 2014

Sidewalks of London (1938)


Na época em que Vivien Leigh desabrochava como iniciante atriz britânica, que vinha do teatro e era pouco conhecida nos Estados Unidos, estrelou ao lado de Charles Laughton o filme "Sidewalks of London", também conhecido como "St. Martin's Lane". Apesar do clima nos bastidores não ser dos melhores, foi uma boa parceria para Laughton e outro veículo para que Leigh fosse notada, no filme que antecede sua performance no papel de Scarlett O'Hara no ano seguinte.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

À meia luz (1944)


Nunca, nesses poucos anos de cinefilia, havia vivido a experiência de achar que não aguentaria assistir a um filme até o final por odiar tanto a personagem principal. Durante todo tempo de duração de À meia luz (Gaslight) vivi o dilema de ou desligar a televisão ou quebrá-la. Esse filme de George Cukor certamente lhe causará arrepios na espinha, raiva e revolta. Tudo ao mesmo tempo.

Durante as eleições brasileiras desse ano para presidente algo chamou bastante a atenção: a postura dos candidatos em relação às candidatas. Toda vez que Luciana Genro ou Dilma Rouseff confrontavam seus adversários, pisavam em seus calos, elas eram chamadas de levianas ou loucas. O que os candidatos fizeram com essas duas mulheres se chama gaslighting e adivinha de onde vem o termo? Acertou, vem desse filme. O que a personagem principal do filme, interpretada por Charles Boyer, faz com sua esposa é exatamente isso: desacreditá-la ao ponto de ela achar que está louca.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

#Top 100 Looks do cinema - #1 - Marilyn Monroe em “O pecado mora ao lado” (1955)


Hoje estreia aqui no Cine Espresso uma série sobre looks memoráveis do cinema. Convidamos Lucas Kovski, que é apaixonado por cinema e moda, para unir o útil ao agradável aqui no blog. Ele escolheu 100 looks da história do cinema, e conta um pouco da história desses figurinos a partir de hoje aqui. E não poderia ter escolhido uma forma melhor de começar.

domingo, 14 de dezembro de 2014

Ontem, hoje e amanhã (1963)


"Marcello, Marcello... A corrida atrás do sol não teria sido tão intensa e plena de satisfação sem ele. Seu olhar doce e seu sorriso belo sempre me acompanharam, proporcionando segurança, alegria e mil outras emoções (...) uma longa amizade, densa de afeto e ternura, que no set eu sabia se iluminar de paixão."

(Sophia Loren, em sua recente autobiografia "Ontem, hoje e amanhã")

Se houve um casal com química nas telas, foi Sophia Loren e Marcello Mastroianni. Considerados os maiores astros do cinema italiano, Sofi' e Marcello trabalharam juntos em 12 filmes, começando em 1954 e indo até o derradeiro trabalho em Prêt-à-Porter, de Robert Altman, em 1994. Nesse último trabalho, os dois reprisaram uma cena de um de seus filmes mais famosos: Ieri, oggi, domani, em português Ontem, hoje e amanhã. Nesse filme temos não só esse casal fantástico, mas o diretor que soube como ninguém tirar proveito da química de Mastroianni e Loren: Vittorio De Sica. Sophia chama em seu livro esse trio de "fantástico". Os três se divertiam muito fazendo cinema, e isso nunca ficou tão claro quanto nesse grande sucesso, que ganhou o Oscar de filme estrangeiro em 1964.


quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

#Tradução: Entrevista com Olivia de Havilland





A atriz nos forneceu um relato profundo sobre um dos mais bem-sucedidos filmes de todos os tempos

Você consideraria fazer algo ilegal? Perguntou o diretor George Cukor a então atriz de 22 anos, Olivia de Havilland, quando lhe telefonou em 1938. Ele estava ligando por baixo dos panos para convidá-la a desafiar o contrato que a prendia a Warner Brothers e fazer o teste para o papel de Melanie Hamilton Wilkes de E o vento levou. Ela fez o teste e ganhou o papel. Porém uma tarefa ainda maior viria a seguir: persuadir o chefe do estúdio, Jack Warner, a liberá-la para atuar em um filme produzido pelo estúdio rival. 

No entanto, como qualquer um que conhecia a atriz podia atestar, ela saboreava contornar as regras de Hollywood. “Liguei para a esposa do chefe”, disse, “e perguntei se ela gostaria de tomar um chá comigo no Brown Derby”. Como a maioria das pessoas em Hollywood, Ann Warner estava grudada no romance E o vento levou e mal podia esperar para vê-lo no cinema. “Entendo”, disse Ann, “e irei ajudá-la”. Algum tempo depois, Jack Warner assinava documentos que permitiam que De Havilland pudesse se deslocar até Culver Studios para aparecer no épico. E o resto, como se diz, é história.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

#Vídeos: "Nasce uma estrela" (1954) - Comentários



Nasce uma estrela é o tipo de filme que, depois de começar a assistir, você se pergunta porquê demorou tanto tempo para descobri-lo. 

Um retrato amargo, fiel e muito verdadeiro dos anos de ouro de Hollywood. 

TEM VÍDEO NOVO NO AR!

Reserve as caixas de lenço e venha conhecer um dos grandes filmes dessa grande atriz que foi Judy Garland. 

(e vamos chorar eternamente por ela não ter ganho o Oscar por esse filme, sim ou com certeza?)

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

O rei e eu (1956)


2014 foi, dentre outras coisas, o ano em que aceitei Rodgers & Hammerstein em minha vida. E, oh boy, que diferença isso fez! Musicais coloridos, exuberantes e alegres, com canções que grudam, mas de uma forma legal, na cabeça.

Um desses filmes foi The King and I, de 1956, que acabou por se tornar um dos meus favoritos absolutos. Shall we dance passou a ser a música que toca 24 horas por dia praticamente na minha cabeça, e não posso esquecer Yul Brynner e Deborah Kerr dançando juntos e transcendendo a tela.

O musical é baseado na história real do rei Mongkut, do Sião (atual Tailândia), e da professora inglesa Anna Leonowens, contratada para ensinar a cultura ocidental para os inúmeros filhos do monarca. Um choque cultural e de personalidades inicialmente, torna-se em respeito mútuo e algo mais com o passar do tempo. Rodgers & Hammerstein adaptaria a história em um dos musicais mais bem sucedidos da Broadway, e, como não poderia deixar de ser, com todo o sucesso, Hollywood logo viu ali a chance para mais um sucesso de bilheteria. Dos palcos, o diretor Walter Lang não trouxe só os belos figurinos e músicas, mas também o ator Yul Brynner, que acabaria por consagrar sua carreira no papel do rei rabugento e teimoso, que, estranhamente, não conseguimos deixar de amar.

Forninhos falling down!

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Na glória, a amargura (1963)



O último filme de Judy Garland, Na glória, a amargura (I could go on singing) é uma despedida dolorosa e única do cinema. Por misturar ficção e realidade é difícil assisti-lo sem pensar na própria vida da atriz. E mesmo sem conhecer um pouco de sua vida você se emociona. Filmes sobre o show business, por mais engraçados que sejam, sempre tem um ar sombrio, não acham?

Reserve sua caixa de lenços, principalmente se você é um fã da linda Judy Garland, e venha conosco!

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

#Vídeos: Passos na noite (1950)



No noirvember, o Cine Espresso comenta um dos maiores filmes do gênero noir: Passos na noite. Neste filme de Otto Preminger, Gene Tierney e Dana Andrews nos deleitam mais uma vez como o casal principal e matam nossas saudades, já que protagonizaram outro noir de Preminger, Laura

Corrupção, redenção, submundo são alguns dos temas desse filme, que retrata o lado B da América.

Mais? Então vem!

Corações loucos (1974)



Há mais ou menos um ano atrás estava eu descobrindo o cinema francês, aliás estava descobrindo o cinema em si, e eis que me deparo com um filme estilo Lolita, só que francês, chamado “A filha da minha mulher” (1981) dirigido por Bertrand Blier, com o ator Patrick Dewaere, Maurice Ronet e Ariel Besse. Impressionada com a atuação de Dewaere, fui procurar mais filmes para assistir e escolhi ”Corações Loucos”, também de Bertrand Blier, pois tinha o Depardieu no elenco. Desse dia em diante, esse filme começou a ocupar um lugar muito importante em meu coração, pois foi através dele que conheci Jeanne Moreau, sim! Jules et Jim ou qualquer outro grande sucesso seu dos anos 50/60 não foi meu primeiro filme com a Jeanne, mas sim essa pequena participação de 19 min nesse longa metragem. Claro, foi amor à primeira vista!

Corações loucos não é um filme para ver junto com toda a família, pois trata do politicamente incorreto. Seu próprio nome em francês já deixa isso bem claro, quando traz uma das gírias para testículos como nome do filme. Ele é ousado para os dias de hoje, que dirá para a época – 1974 – em que foi lançado. Além de ser alvo de censura, teve que mudar sua classificação indicativa para 18 anos devido ao teor dos diálogos e das cenas. Adaptado do romance homônimo escrito pelo próprio Blier, esse é o quarto filme do diretor, que não tinha tido muito reconhecimento com trabalhos anteriores, mas que consegue alcançá-lo com o lançamento desse filme polêmico. 

sábado, 22 de novembro de 2014

Rachel, Rachel (1968)


Inspirado no romance "A Jest of God" de Margaret Laurence, Rachel Rachel de 1968 é o primeiro trabalho de Paul Newman na direção, que nos surpreende com um filme maravilhoso e sensível como poucos. A trama conta a história de Rachel Cameron, professora do ensino fundamental que cresceu numa casa funerária e depois da morte do pai, toma conta da mãe e se encontra divida entre a rotina familiar e construir uma vida para si mesma.

Além de utilizar uma narrativa extremamente sofisticada para a época, a película em technicolor se aprofunda incrívelmente no psicológico e sentimentos pessoais do personagem. Até então, eu só tinha me sentido próximo assim do caos de uma protagonista em filmes do John Cassavetes, Lars Von Trier ou Almodóvar. Paul Newman mergulha de cabeça na sensibilidade feminina de forma adorável. Definitivamente um filme que merece nossa atenção!

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

As férias do pequeno Nicolau (2014)


O cinema francês tem fama de tedioso, de ser único e exclusivamente dedicado aos filmes de autor. Eles não fazem blockbuster. Você nunca entende o final, nem que assista um milhão de vezes. Quem infla o peito para dizer frases como essas não sabe que está espalhando uma grande mentira. Os franceses atravessaram os portões dos filme de autor há muito tempo. De vez em quando eles até se aventuram a realizar filmes para a família. As férias do pequeno Nicolau é um deles.

É um filme para o grande público? Sim, é, mas a qualidade é estupenda!

Le petit Nicolas é a Turma da Mônica francesa. Todas as crianças francesas cresceram lendo ou, pelo menos, já ouviram falar. O único porém é que Le petit Nicolas não é um quadrinho, mas sim uma série de livros infantis, ilustrados por Sempé e escritos por René Goscinny. As histórias são contadas por Nicolas, um garoto que vive nos anos 60 e se mete em um monte de confusões. Os livros são leves, gostosos de ler, especialmente se você está aprendendo francês. Como as histórias são contadas por Nicolas, a linguagem tem aquele ar infantil. É um retrato muito engraçado e divertido da infância, com direito à turma de amiguinhos e amor platônico.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Sobre como eu conheci Fanny Ardant


Ela é sempre preto & branco
Ela não diz mais “de repente, num domingo”
Evidentemente Fanny Ardant e eu
Vincent Delerm – Fanny Ardant et moi

Visitar a Torre Eiffel, dar um passeio à beira do Sena e… dar um jeito de perseguir nossos ídolos. Esse eram meus planos e os da minha amiga ao chegar em Paris. Depois de muito jogar “Catherine Deneuve endereço” no Google da França  e não ter tido muito sucesso, parecia que havíamos nos aquietado. Mais ou menos. Todas as vezes em que caminhávamos por Paris, ficava pensando que meus ídolos estavam lá, escondidos em algum lugar. Onde estaria Jeanne Moreau, Mireille Mathieu e Alain Delon? Mireille e Deneuve moravam no mesmo bairro, digamos assim, será que se viam? Será que eu encontraria Deneuve caminhando no Bois de Boulogne, seu lugar favorito? Caminhei o dia inteiro por lá, com uma esperança infantil de encontrá-la. Não aconteceu.

Paris, muito mais do que a cidade dos anos loucos, era um portal mágico para eu encontrar meus ídolos. Achar a entrada dele parecia impossível.

Um dia Maria e eu estávamos fazendo hora pelas ruas da cidade quando, literalmente, topamos  com Fanny Ardant. Mesmo. Dei um berro no meio da rua: “OLHA AQUELE CARTAZ, A FANNY TÁ COM UMA PEÇA DE TEATRO AQUI”. Maria, que também adorava a Fanny, pediu para eu tirar uma foto. Tiramos fotos para guardar as informações de onde era e onde comprava. Olhamos para o relógio… será que dava tempo de ir até a Fnac da Champs Elysées comprar os benditos ingressos? Dá e se não der vai ter que dar.

A era do rádio (1987)


"Agora tudo acabou. Exceto em minhas recordações. O cenário é Rockaway e a época é minha infância (...) perdoe-me se romantizo. A vizinhança onde cresci nem sempre era tão turbulenta e chuvosa, mas é assim que me lembro dela. Naquela época o rádio estava sempre ligado." 

Nunca escondi por aqui o fato de ter Woody Allen como diretor favorito. Já contei antes em outros posts como Woody sempre parece ter a palavra certa no momento certo. Assim, pareceu certo usar meu aniversário, que aconteceu por esses dias, como desculpa para comprar o box com 20 filmes seus. Faz algum tempo que eu e o dito box de dvds nos observamos mutuamente na Saraiva, e agora, fico feliz em dizer, estamos em um relacionamento sério.

O negócio é que eu, como pregadora da Igreja Universal do Reino de Woody Allen  fã do diretor, já assisti antes boa parte dos filmes que vieram na caixa. Masss, felizmente, ainda restaram alguns que, por algum motivo ou outro, eu ainda não tinha visto. E agora estou nessa aventura maravilhosa de ver o que falta. E escolhi começar com A era do rádio, de 1987.

Um dos filmes mais ternos de Woody Allen, me lembrou, entre outras coisas, de como o diretor consegue tirar o melhor dos atores com quem trabalha. Além disso, acredito que esse é o filme mais autobiográfico da sua carreira. Por fim, Woody consegue que o espectador acabe por sentir saudades de uma época  que não viveu. Senhoras e senhores, Radio days!

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Alma em suplício (1945)





Veda, I think I’m really seeing you for the first time in life and you’re cheap and horrible!

James M. Cain era a galinha dos ovos de ouro do cinema. Em três anos consecutivos três de seus livros seriam transformados em filme: Dupla indenização (1944), A história de Mildred Pierce (1945) e O destino bate a sua porta (1946). Não foi à toa, estávamos no auge da era noir do cinema e o público desejava grandes histórias. A história de Mildred Pierce carrega algo que poucos filmes noir tem: uma protagonista. Aos homens, o papel secundário. Alem disso, Alma em suplício é o primeiro filme de Joan Crawford na Warner Brothers, que lhe rendeu o Oscar de melhor atriz.

Minhas experiências ao ler livros adaptados para o cinema, especialmente depois de ter visto as adaptações cinematográficas 340 vezes, vão da surpresa à decepção. Há muito tempo que deixei de dizer a famosa frase “o livro é muito melhor que o filme”, pois acredito que se tratam de dois suportes diferentes. O livro funciona de um jeito e o filme de outro. Porém com A história de Mildred Pierce meu queixo simplesmente caiu. Porque, ao terminar de lê-lo, ficou evidente como esses dois suportes funcionam de formas completamente distintas. No livro você consegue odiar Veda ainda mais (e isso é possível? SIM, É!) , mas muito mais do que isso, a gente entende porque o romance foi mutilado. Em 1945 ninguém iria mostrar uma cena de estupro no cinema. Ninguém iria deixar o personagem sem levar o que ele merecia. A simples ideia de o vilão sair impune, nessa época, era inaceitável. Se o filme seguisse a risca o livro, duvido muito que fosse realizado.

Neste post tentaremos mostrar alguns pontos interessantes entre o livro e o filme, sem deixar de lado os bastidores, afinal Alma em suplício tem história pra contar, hein!

Esse negócio engraçado chamado cinefilia (ou sobre Antoine de Baecque e sua conferência)

Sábado, 8 de novembro. Porto Alegre amanhece parecendo Londres. Saio de casa e quase não consigo enxergar o que está a minha frente por causa da neblina. Vai chover, eu pensei. Porém, lá pelas 10h, o céu está claro, muito sol. Porto Alegre e seu tempo bipolar. À tarde aquele calor infernal. Durante a semana inteira, Patrícia (nossa mais nova parceira de Cine Espresso) e eu  planejamos nossas perguntas para Antoine de Baecque, o homem Truffaut.

Antoine de Baecque.
Antoine escreveu a biografia mais completa sobre François Truffaut, é historiador e ministra aulas na École Normale, uma das instituições mais respeitadas francesas. Todo cinéfilo sonha com o dia em que poderá encontrar alguém que lhe sacie curiosidades, especialmente se elas estão ligadas a suas atrizes francesas favoritas, Fanny Ardant e Jeanne Moreau. Nem dava para acreditar que eu estava indo vê-lo. Só acreditei ao chegar no lugar e vê-lo encostado num cantinho da sala.

Quem olhava de longe achava que ele estava naquele cantinho fazendo pouco de si mesmo. Um cara como qualquer outro, com um casaco naquele calorão de Porto Alegre. Coitado, eu pensava, escolheu uma péssima época para vir pra cá. Nem parecia o “homem Truffaut” naquele cantinho, como se o fato de escrever uma biografia sobre um dos homens mais fascinantes do cinema francês, de ter sido diretor dos Cahiers Du Cinéma durante alguns anos não fosse nada. Mas, para mim, significava muito. Não tenho a ambição de ser editora dos Cahiers, porém historiadora de filmes (e isso existe?) é algo que sempre me atraiu muito. Tentava bancar a fangirl discreta, conversando com a Patrícia pelo celular, e estava dando certo. Até a conferência começar.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Eva (1962)



Agora vocês podem começar a fazer suas ligações para o SAC Cine Espresso porque a partir de hoje Jeanne Moreau concorrerá com Barbara Stanwyck no concurso "De quem mais se fala nesse blog?".






O ano de 1962 talvez tenha sido um dos mais importantes na carreira da atriz Jeanne Moreau, neste ano, ela fez seu primeiro filme com três grandes diretores, Orson Welles, François Truffaut (Jeanne anteriormente, apenas tinha feito, uma pequena participação em "Os Incompreendidos") e Joseph Losey. Truffaut  conseguiu marcar a imagem da atriz e da mulher sedutora no triângulo amoroso “Jules et Jim”, fazendo com que até hoje Jeanne, seja atrelada a sua personagem Catherine; Orson Welles deu a oportunidade dela atuar no filme “O processo” ao lado de Anthony Perkins e Romy Schneider e, Joseph Losey, no filme “Eva” ratificou a sua imagem no cinema, de femme fatale, que não usa só a beleza, mas também a inteligência, para conquistar os homens.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

#Vídeos: Listas - Coisas que mais irritam fãs de cinema classico Parte II



"Filmes clássicos são chatos"

"Se o filme é em p&b, então não tem graça"

"Marilyn Monroe é uma má atriz"

"Dançando na chuva?"

"Cinema francês é chato"

"Audrey Hepburn = Bonequinha de Luxo"

"Você gosta de cinema clássico porque quer se aparecer"

TEM VÍDEO NOVO NO AR!

Continuamos nos irritando na parte II do vídeo "Coisas que os fãs de cinema clássico mais odeiam". 

(e as reclamações continuam ad infinitum)

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Tempestades d’Alma (1940)



Era sempre a mesma ladainha: toda vez que Hollywood tentava fazer um filme antinazista, o cônsul alemão em Los Angeles, Georg Gyssling, dizia não e o filme era arquivado. Assim estabeleceu-se uma espécie de colaboração entre Hollywood e os alemães. Eles não faziam filmes antinazistas e a Alemanha deixava que eles pudessem exibir seus filmes lá. O medo de perderem o mercado alemão fez com que os americanos, por quase uma década, excluíssem temáticas antinazistas ou antissemitas de seus filmes.

No entanto, a Segunda Guerra Mundial chegou e muitas coisas começaram a mudar a partir daí.

Como se pode imaginar a guerra afetou a distribuição dos filmes no mundo. Hitler cortou pela metade a receita de Hollywood na Alemanha. Na França, os filmes americanos não podiam mais entrar. Foi então que os chefões dos estúdios decidiram chutar o pau da barraca. Ah é, quer dizer então que vai ser assim agora? Vão cortar a nossa receita, produção? Então nós vamos quebrar o nosso pacto de silenciamento do nazismo e dos judeus, vamos fazer filme antinazistas. Eles quebraram o pacto, como se diz, “naquelas”. Tempestades d’Alma foi o primeiro filme antinazista significativo.

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Os clássicos que não podem faltar no seu Halloween!



TRICK OR TREAT? O halloween já está aí e nada melhor do que assistir filmes para comemorar um de nossos feriados favoritos. Abaixo selecionamos alguns títulos, dos mais leves aos mais assustadores, para sua grande noite não passar em branco!


quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Entre portas fechadas (1929)



Nessas andanças de ler a mais recente biografia sobre Barbara Stanwyck, escrita por Victoria Wilson, acabei entrando no mundo de Missy e está difícil sair. Vocês podem notar pela frequência com que tenho falado sobre seus filmes por aqui. Mas explico: estou lendo o livro e assistindo aos filmes que ainda não vi ao mesmo tempo. Tenho a sensação de que estou estudando para um mestrado imaginário ou fazendo uma imersão no país imaginário onde esta mulher viveu.

O livro de Victoria Wilson tem apenas mais 1000 de páginas, foi lançado ano passado e esmiúça detalhe por detalhe da vida de Missy. Vários amigos  comentam: mas haja vida, hein. Ao dizer que esse é só o Volume Um, que vai de 1907 até 1940, eles ficam ainda mais apavorados. Explico novamente: é que vários personagens de sua vida possuem mini-biografias dentro do livro. Além disso, Wilson preocupou-se em fornecer ao seu leitor um retrato histórico dos tempos em que Dona Missy vivia. Eu tenho achado ótimo.

Por que escolhi falar sobre mais um filme de Missy? – você deve estar se perguntando. Vamos elencar algumas razões:

a) Entre portas fechadas foi o primeiro filme sério da carreira da moça;
b) Insinuação de estupro, sororidade e outros temas relacionados à mulher dominam a trama;
c) Porque é Missy, oras!

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Magia ao luar (2014)


"I believe that the dull reality of life is all there is,
but you are proof that there's more, more mystery, more magic."

A tradição de ir ao cinema para ver o filme anual de Woody Allen não decepciona. Desde Meia-noite em Paris eu tenho seguido esse costume à risca. E sempre procuro levar alguém comigo, pois sei que vão me agradecer depois. No entanto, esse ano só consegui ver Magia ao luar, o filme dele desse ano, aos 45 do segundo tempo. Faziam dois meses que eu surtava com o trailer, e com o fato de ter Colin Firth em um filme do Woody Allen. Mas, como os cinemas da minha cidade dão preferência aos blockbusters, um mês da estreia se passou - e nada. Já resignada com a tradição sendo quebrada esse ano, descobri que - finalmente - o filme iria passar na cidade, durante uma mísera semana. E arrastei minha irmã e minha melhor amiga comigo nessa empreitada. 

E como todo bom filme de Woody Allen, ao final temos:

a) Um personagem que representa o próprio Woody dentro da história;
b) Um personagem feminino maravilhoso;
c) Uma trilha sonora encantadora;
d) O diretor tirando o melhor dos seus atores;
e) O desejo de que Allen viva até os 150 anos para continuar nos dando um filme por ano.

Fazendo promessas para Nossa Senhora dos Filmes Ótimos já!

#Vídeos: #Top 6: coisas que mais irritam fãs de cinema clássico




 - Aluguei um filme da Barbara Stanwyck pra gente ver. 
- Ai que legal! Alugou 'Nosso amor de ontem'? Esse é muito bom!
- Cara, eu não tô falando da Barbra STREISAND

A Doris Day é a cara da Xuxa.

Prefere Bette Davis ou Joan Crawford?

Mas a malvada não é a Bette Davis?

TEM VÍDEO NOVO NO AR! 

Para começar bem a semana, resolvemos fazer uma compilação das coisas que mais enfurecem fãs de cinema clássico. 

E você, o que mais te irrita como fã de cinema clássico?

(esse vídeo poderia ter 847847 partes, só acho)

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Oito Mulheres (2002)



Hoje uma das maiores atrizes francesas da atualidade está completando 71 anos: Catherine Deneuve. Citada nos livros didáticos de FLE (Francês Língua Estrangeira), queridinha de diretores como François Truffaut, La Deneuve é uma figura que nos fascina desde os anos 60, quando estreou no cinema ao lado de sua irmã, Françoise Dorléac. Mas por quê? 

A primeira coisa que vem à mente quando falamos sobre Catherine Deneuve é a sua lendária frieza. Frieza esta que sempre está associada a sua beleza estonteante. No entanto, se você começa a assistir aos filmes que ela fez/faz, vai reparar que a tal "frieza" muitas vezes ofusca os papéis sensíveis que ela interpretou. Se você assistiu Indochina, sabe do que estou falando. Você quase rasga o coração! Hoje o Cine Espresso homenageia esta lacradora do cinema francês falando sobre um desses filmes, em que a carapaça de fria esconde uma personagem muito complexa e sensível. Oito mulheres é, para mim, um dos maiores filmes franceses dos últimos anos.

Carta de Uma Desconhecida (1948)

"Quando você ler esta carta, eu já devo estar morta"

Hoje seria aniversário da eterna Joan Fontaine e nada mais adequado do que comemorar revendo um de nossos filmes prediletos dela, um dos romances mais inesquecíveis de todos os tempos! O diretor Max Ophüls reafirma em "Letter from an unknown woman" sua característica atenção aos detalhes, a parte técnica de seus filmes revelam todo seu perfeccionismo... além de extrair o que Fontaine e Jourdan tinham de melhor.

Esse é um filme para marejar os olhos e se envolver com os personagens. Pegue um lencinho aí e prepare a sessão!

#Vídeos: Núpcias de escândalo (1940)



A srta. Tracy Lord gostaria de convidá-los para a cerimônia de suas segundas núpcias. Ela só pede desculpas, pois não tem certeza ainda de quem será o noivo!

Tem vídeo novo no ar!

Considerada uma das melhores comédias românticas de todos os tempos, "Núpcias de escândalo", dirigido por George Cukor, reuniu três dos melhores atores que Hollywood já teve: Katharine Hepburn, Cary Grant e James Stewart. Além do mais, a história, que teve sua personagem criada baseada na própria Kate, conseguiu o que até então parecia impossível: tirou a atriz do flop.

Fica, vai ter bolo (de noiva) no Cine Espresso!

domingo, 19 de outubro de 2014

#Top 5: Cinco filmes noir com Barbara Stanwyck que você deveria assistir



Estou ligando para perguntar se o Cine Espresso não tem outra pauta que não seja Barbara Stanwyck. ASSIM NÃO DÁ, GENTE!!!!

Barbara Stanwyck e noir é como o trecho desta música : “Amor sem beijinho, Buchecha sem Claudinho, sou eu assim sem você”. Não conseguimos separar uma coisa da outra. Mas, não se engane, essa linda também é a rainha dos Westerns (mais um Top 5 no forno, sim ou claro?). Em minha humilde posição de fã, arriscaria dizer que ninguém se ajusta tão bem às ideias do noir quanto ela. Pensando nisso, elaboramos um top 5 dos melhores noir estrelados por ela. Porque, afinal de contas, não é só de Pacto de Sangue que vive o homem, não é mesmo?

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Aos mestres, com carinho: cinco professores marcantes do cinema


Hoje é o dia que comemora uma das mais antigas e também, eu diria, difíceis profissões que existem. E você só descobre o quão árdua é quando está do outro lado. Sim, é o dia do professor! A fulana que vos fala é formada na profissão, aliás. E, é claro, também por causa disso, sempre me interessei por filmes cujos protagonistas são os mestres da educação. E existem aqueles professores da ficção que mudam vidas, ensinam e aprendem grandes lições - e outros que tem a profissão como um meio alternativo e ~~normal~~, de ganhar a vida. É por isso que hoje eu listo aqui cinco professores das telas que marcaram a minha relação com o cinema.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Nada de novo no front (1930)



Nada de novo no front (All quiet in the western front) poderia ter sido mais um filme anti-guerra, exceto por dois motivos: a) ele foi lançado em um momento histórico de muita tensão, a ascenção do nazismo na Alemanha; b) ter sido um filme temido por Hitler. Sim, você não leu errado. Hitler temia Nada de novo no front, pois era um ataque claro aos ideais utópicos de guerra. Ele sabia como ninguém o poder que o cinema exercia sobre as pessoas, e um filme como este desestabilizava a poderosa ferramenta que a guerra era.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

#Vídeos: #Séries: Dallas (1978 - 1991) - Comentários




"Dallas" foi uma série de televisão americana, exibida entre 1978 e 1991 pelo canal CBS, de muito sucesso nos anos 80. 

Comentamos sobre os célebres cliffhangers, a continuação executada pelo canal TNT e os personagens tão fascinantes do mundo de Southfork.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Dilema de uma consciência (1951)


Vocês conhecem aquela música do grupo Só pra Contrariar, Mineirinho (não vou ler um post em que citam esse grupo farofeiro)? Nela tem um verso que poderia resumir muito bem minha relação, e acredito que a dos meus colegas de Cine Espresso também, com Doris Day: “O meu tempero faz quem provar se amarrar”. Doris Day pode representar o conservadorismo em pessoa, mas a verdade é que ninguém tinha esse tempero tão especial quanto ela. A moça era talentosa e infelizmente não foi valorizada como deveria. Toda vez que estou com um filme dela nas mãos, fico pensando no nível de farofa/polentice que virá. E aí você se pergunta: será que essa mulher nunca fez um filme que não seja polenta? A resposta é: SIM! E é desse filme que falaremos hoje: Dilema de uma consciência.

Na verdade, eu diria que Dilema de uma consciência usou a tal “polentice” de Doris (aka seu charme interioriano de Cincinnati, Ohio) de forma a construir um personagem convincente, vitimizado e que nos irrita e cativa ao mesmo tempo. Além disso, a polentice de Doris é confrontada com outra atriz, que ficou relegada aos filmes com Fred Astaire: Ginger Rogers. O filme é uma ótima oportunidade para vermos as duas atrizes saindo da zona de conforto e mostrando toda a extensão de seu talento.

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Seu Único Desejo (1955)


Primeiramente, tenho que compartilhar a dificuldade que tive pra encontrar esse filme. Fiquei ansioso para assistí-lo no minuto em que soube que Anne Baxter e Rock Hudson protagonizaram um (dramalhão) romance juntos! Com uma fotografia exuberante em technicolor e uma trama bastante ousada, "One Desire" nos hipnotiza por uma hora e meia.

Anne Baxter já havia emplacado alguns filmes na década de 50, como Eve ou o suspense "A Tortura do Silêncio" de Alfred Hitchcock. Mas o galã do filme dirigido por Jerry Hopper tinha recém estourado em "Sublime Obsessão", às vezes penso na carreira de Rock em antes e depois de Giant , como se antes ainda houvesse algo a provar. O filme retrata o relacionamento aberto de um apostador e a cafetina dona de um cassino.

#Tradução: Em busca do hipertendido, uma crítica ao filme "Uma rua chamada Pecado"

                                                    
Em busca do hipertendido


Cahiers du Cinéma, Número 12, maio de 1952
Renaud de Laborderie
Traduzido por Jessica Bandeira

É evidente que este filme representa um louvável esforço rumo à qualidade e que não foi absolutamente concebido e dirigido para agradar o gosto do espectador médio americano cuja idade mental, segundo as estatísticas, está em torno dos 12 anos. A peça, que está quase perto de ser uma fiel transposição, estava destinada a um público bastante exclusivo e “sophisticated” da Broadway, que, por assinar o jornal New Yorker, gosta de ter alguma responsabilidade cultural, algum interesse pelas afetações nuançadas de intrigas dramáticas ditas avant-garde. Estamos, então, prevenidos: o filme será inteligente, hábil, sutil. Mas também será para Chaplin o que Christian Bérard é para Picasso e o que Henry Sauguet é para Strawinsky. 

Trata-se de um filme de autor, muito mais que nenhum outro, e a presença desse autor, Tennessee Williams, o coage até que ele sufoque. Pergunto-me se o espectador que entra por acaso, atraído pelo cartaz friamente erótico do qual os distribuidores, conscientes da hermética inteligência do título, pediram algum socorro, entenderá bulhufas do desenrolar dessa história estranha, contada às vezes, convenhamos, com muita arte. 

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

#Tradução: O Último Adeus de Bette Davis


"Documentário sobre os últimos dias de Bette Davis estréia em festival de filmes na Espanha, realizado com a dignidade e respeito que merece"

A última aparição pública de Bette Davis aconteceu a 25 anos no Festival San Sebastian na Espanha em 1989, e sua morte, que a estrela sabia que era eminente, ocorreu pouco tempo depois num hospital na França. Tais acontecimentos garantiram a ela um lugar especial no coração dos fanáticos por cinema na Espanha, desesperados por um pouco de glamour após 40 anos de Franco. "Bette Davis Bids Farewell" relata a história daqueles dias de afeição, homenagens divertidas, algumas emocionantes e sempre respeitosas.

Com detalhes superficiais no que diz respeito a San Sebastian deixados para trás, o diretor Pedro Gonzales Bermudez utiliza uma abordagem sem rodeios para documentar quase que hora por hora, acontecimentos detalhados desde a chegada da atriz no aeroporto em San Sebastian até sua última viagem para a França. Ele fez um bom trabalho na busca de praticamente todos que tiveram contato direto com ela durante aqueles poucos dias. E outros que não tiveram, mas que sabiam da importância cultural do último adeus de Bette Davis.

Violette (2013) em vídeo

Para os que são mais visuais, apresentamos nossa versão do post sobre o filme Violette em vídeo:





Sim! Agora temos um canal, pois não nos contentamos em apenas escrever. Como diria Norma Desmond: "então eles abriram a boca e nunca mais pararam de falar!". Basicamente. Este espaço também é de vocês, por isso aproveitem para comentar, criticar, elogiar ou whatever. Também estamos abertos a sugestões de futuros posts/vídeos!

Jessica, Camila e Guilherme.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Violette (2013)


Meu lugar é dentro de mim mesma. O resto é vaidade.
Violette Leduc


O que me levou a Violette, primeiramente, foi a notícia de que no filme havia uma canção de Jeanne Moreau. Fui assistir ao trailer ingenuamente, e lá pela metade já estava dando berros. Para falar sobre os motivos desses berros terei de voltar no tempo, na época em que eu cursava as disciplinas de Literatura Francesa na faculdade.

Um dos motivos que me levaram para o curso de Letras, mas principalmente para a língua francesa, estavam ligados a uma escritora, carinhosamente chamada de mulher do lencinho entre meus amigos: Simone de Beauvoir. O ano era 2009, e foi na feira do livro que adquiri meus primeiros livros do Castor. Na época eu não lia em francês, mas achava que poderia decifrar os livros com o auxílio de um dicionário. La pauvre. Em 2010 comecei o curso de Letras e minha primeira tarefa, depois de chorar litros com o tamanho do acervo da biblioteca das humanas, fora pegar emprestado A convidada, um dos tantos romances da mulher do lencinho. Me apaixonei. Foi um amor arrebatador, eu queria copiar todas as citações no caderno de tanto sentido que faziam para minha vida. Beauvoir se tornou minha autora francesa predileta. No último ano de faculdade, lamentei para sempre o fato de não termos estudado melhor essa figura tão intrigante que ela foi. 

Simone de Beauvoir, mais conhecida como "a mulher do lencinho".


Por isso, quando finalmente vi a Simone, a minha mulher do lencinho, personificada na figura da atriz Sandrine Kiberlain, eu só poderia dar um berro. Mas mais do que isso: Simone de Beauvoir em um filme sobre uma autora francesa chamada Violette Leduc, que falou abertamente sobre aborto, homossexualidade e sexualidade feminina. Meu feminismo pira!

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Os cinquenta anos de A Feiticeira


"Era uma vez uma garota tipicamente americana, que certo dia, chocou-se contra um típico rapaz americano. Ela chocou-se contra ele...... E outra vez chocou-se contra ele! Por isso decidiram sentar-se e conversar a respeito, antes que sofressem um acidente. Tornaram-se bons amigos e descobriram que tinha muitos interesses em comum. E quando o rapaz percebeu que ela era desejável, atraente e irresistível, fez o que qualquer rapaz americano teria feito, pediu-a em casamento. Tiveram um casamento típico e partiram para uma típica lua de mel em uma típica suíte matrimonial. Tudo tipicamente normal.

Exceto pelo fato de que esta garota... é uma feiticeira."

Há exatos 50 anos atrás, estreava assim uma das séries mais queridas da televisão americana: Bewitched, conhecida por aqui como A feiticeira. Com sua música-tema e abertura inconfundíveis, a série, com a  história da bruxinha que se apaixona e casa com um mero mortal, tomou rapidamente o coração dos americanos, em uma época em que, cada vez mais, a televisão ganhava destaque na vida das pessoas. 

terça-feira, 9 de setembro de 2014

#Séries: The Barbara Stanwyck Show

Lá vai ela falar sobre Barbara Stanwyck de novo!



Ontem, revendo o documentário sobre Pacto de sangue, alguém declarou que Barbara Stanwyck não era valorizada porque "não era uma Ava Gardner, uma Rita Hayworth". Esse é o ponto. Foi justamente essa diferenciação que fez com que ela tivesse uma das carreiras mais longas que Hollywood já viu. Stany topava qualquer parada. Westerns? Ela topava. Comédias pastelão? Também. Assassinas, mães redentoras? Idem, idem. 

No final dos anos 50, Missy embarcaria em uma trip muito louca chamada televisão.

sábado, 6 de setembro de 2014

Tudo que o céu permite (1955)


“Doug, Doug, faça-os chorar, por favor, faça-os chorar!” - Era assim que, segundo Douglas Sirk, o produtor Ross Hunter costumava apresentar-lhe algum projeto. Sirk, considerado o pai do melodrama, e, consequentemente, de toda uma série de novelões mexicanos ou brasileiros, além de ter inspirado diretores como Pedro Almodóvar, entretanto, tem um dom especial, que o diferencia de todo o resto do gênero: ele pega uma história que pode ser considerada boba, ou até exagerada demais, e lhe dá um tom pessoal e convincente. E acaba, por fim, conseguindo tocar a alma do espectador.

Foi assim com Tudo que o céu permite, de 1955, o quinto filme da parceria entre Douglas Sirk e Rock Hudson - eles fariam nove filmes juntos no espaço de seis anos - e o segundo com o par romântico de sucesso Jane Wyman-Hudson. Uma crítica ácida à sociedade da época, seus costumes quase que ultrapassados, o preconceito e a hipocrisia, lançado em uma época em que a revolução sexual apenas engatinhava, All that heaven allows, no original, é um filme extremamente marcante, de visual sofisticado, e que conta uma história que talvez não seja tão exclusivamente da década de 1950 como pareça.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Bola de fogo (1941)


Bola de fogo (Ball of fire) é daqueles filmes em que a gente vive quase uma experiência extracorpórea. Tudo nos tira do chão: as atuações, o roteiro de Billy Wilder e Charles Brackett, a direção, o romance, o lelele de Barbara Stanwyck. Eu desafio você a NÃO gostar desse filme. Mais do que informar as curiosidades do filme e fazer grandes análises, hoje gostaria de contar um pouco do que senti assistindo Missy, Gary Cooper e Dana Andrews nessa comédia de Howard Hawks. Ou sobre como Bola de fogo arrancou meu coração fora.

A screw ball comedy foi um gênero de filme muito popular, que surgiu na época da Grande Depressão. Nos anos 40, ela vivia seu auge. O que você deve saber sobre este gênero: confusão. Essa é a palavra chave. O filme inteiro é (quase) sempre calcado em um mal entendido, no caso de Bola de Fogo temos uma personagem que está fugindo da polícia e se esconde na casa de um estudioso com a desculpa de ser cobaia para suas experiências linguísticas. A screw ball comedy chama a atenção pelo bate-bola-jogo-rápido. Como assim? Os personagens sempre têm uma resposta na ponta da língua, uma respostinha afiada, cheia de ironia. Às vezes é difícil acompanhar e processar o que eles estão dizendo. Quem viu Bola de Fogo há de concordar comigo que, de vez em quando, é difícil entender as ironias de Sugarpuss O’Shea. Alguns outros filmes desse gênero são Levada da Breca, resenhado pela Camila por aqui, Aconteceu naquela noite, As três faces de Eva etc etc etc.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

TOP 10 dos remakes que deveríamos lembrar



Hoje vamos falar deles, os remakes. Preparamos uma lista (para esse tema caberia uma, duas, três listas se incluirmos os mais cafonas) daqueles que valeram a pena e também das bombas que jamais deviam ter alcançado a luz do dia. Caso tenha perdido algum, sempre pode-se recorrer ao torrent. Alguns desses filmes sofreram adaptações em relação ao original, mas retratam a mesma história.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Uma Aventura na Martinica (1944)

You know you don't have to act with me, Steve. You don't have to say anything, and you don't have to do anything. Not a thing. Oh, maybe just whistle. You know how to whistle, don't you, Steve? You just put your lips together and blow.
A história de Uma Aventura na Martinica (no original, To have and have not) se confunde com a própria história de Bogie e Bacall. Afinal, foi por causa desse filme que nasceu um dos pares mais famosos do show business, dentro e fora das telas. E não precisa de muito para entender o porquê de ter funcionado tão bem. Desde a primeira cena juntos, o casal provoca faíscas.

Adaptado do livro homônimo de Ernest Hemingway, Uma Aventura na Martinica se passa na cidade do título em português, e não em Cuba, como no romance original. Repleto de improvisos, tanto do diretor quando do talentoso elenco, o filme foi a estreia de uma Lauren Bacall de 19 anos, nova, sim, mas já mostrando a que veio - e de quebra, arrebatando o coração de Humphrey Bogart.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Prisioneiro do passado (1947)



Foi com muito pesar que ontem recebemos a notícia do falecimento de uma das melhores atrizes da era de ouro em Hollywood, Lauren Bacall. Nós, do Cine Espresso, ficamos muito tristes, e cairemos no clichê mais verdade do mundo ao dizermos que seu legado ficará para sempre através dos filmes que estrelou. Por isso, durante os próximos posts, tentaremos homenagear essa atriz tão versátil, falando sobre alguns de seus filmes. E eu, como sou a louca do filme noir, escolhi um dos filmes desse gênero que Betty estrelou para prestar minha pequena homenagem a ela.

Dark passage (Prisioneiro do passado por aqui) foi o terceiro dos quatro filmes que a dupla Bogie-Bacall fizeram. Alguns clamam que não é o melhor, mas quer saber? É noir, tem o casal mais sensação de 1947 (eles tinham acabado de casar, me corrijam se eu estiver errada) e não tem a obrigação de ser um The big sleep da vida. O filme foi produzido por nada mais nada menos que Jerry Wald, o homem que colocava a mão em tudo e fazia virar sucesso. Lembrando que Wald produziu Mildred Pierce e Sob o signo do sexo, que resenhei por aqui.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Chamas que não se apagam (1956)



Olivia de Havilland e Errol Flynn. Ginger Rogers e Fred Astaire. Cary Grant e Kate Hepburn. Todo mundo (ou quase todo mundo) tem um casal preferido no cinema, o que carinhosamente chamamos de ship. Inclusive o fenômeno se alastrou tanto que até um verbo foi criado: shippar. Quando você shippa um casal (heterossexual ou não), tem que estar com o coração preparado para grandes emoções. Significa falar com a televisão enquanto vê os filmes, torcer pelo casal, surtar pelo casal, dormir e respirar aquele casal. Eu já disse que shippar desafia as leis da normalidade?

É claro que para essa festa eu cheguei mais do que atrasada. Fred MacMurray e Barbara Stanwyck foram chegando de mansinho em meu coração. Primeiro assisti Pacto de Sangue (já resenhei por aqui) e fiquei meses com o filme na cabeça. Depois reassisti, reassisti mais umas 9849 vezes antes de dormir e assim eles foram tomando o lugar vago de um ship de cinema clássico aqui neste coração de manteiga. Depois de quase enjoar de tanto ver Pacto, fui conhecer melhor a carreira de Stanwyck e qual não foi minha surpresa ao descobrir que:

a) existia um filme pré Pacto de Sangue estrelado pelos dois!

b) eles estrelaram no total quatro filmes juntos (Nossa Senhora do Ship, me dê a mão, cuida do meu coração)

c) os dois eram muito amigos, senão me engano ele fazia parte do grupo de amigos que escoltava Barbara nas festas depois de seu divórcio bafônico com Robert Taylor (que amigos, hein)

There’s always tomorrow, de 1956, é o último filme da dobradinha MacMurray-Stanwyck. É a maturidade da dobradinha, digamos assim. Aliás, correção: ultima dobradinha em um filme de Douglas Sirk. Sente só o que vem por aí.

sábado, 9 de agosto de 2014

O Segundo Rosto (1966)


No fim dos anos sessenta a popularidade de Rock Hudson começava a despencar, depois de permanecer por 10 anos na lista dos astros mais populares. Em 1966, o ator encerrou seu contrato com a Universal e demitiu seu empresário de longa data Henry Wilson, finalmente tinha a liberdade de escolher os papéis que lhe agradassem e estava disposto a correr riscos. Ele realmente superou-se em O Segundo Rosto, um crítico chegou a dizer que ele deixou o glamour de lado, Rock queria sua carreira de volta.

Esse é um bom exemplo de filme subestimado. "Seconds" (O Segundo Rosto, por aqui) saiu de circulação pouco tempo após o lançamento, anos depois conquistou certo interesse e vários defensores do filme, Rock começou a receber prêmios de entidades cinematográficas e de universidades. É frustrante que uma obra como esta tenha levado tanto tempo para ser reconhecida. Dirigido por John Frankenheimer, Seconds é uma mistura de ficção científica com terror psicológico, e um dos melhores do gênero!

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

A incrível Suzana (1942)

- If you're Swedish, suppose you say something in Swedish.
- "I want to be alone"...?
Nessas últimas semanas tive um surto de Ginger Rogers, mas sem Fred Astaire. Porque é fácil esquecer de vez em quando que ela foi muito mais do que a parceira de dança dele em memoráveis musicais. Mesmo que nesses mesmos filmes seja possível observar a veia cômica de Ginger Rogers, quase nunca isso é lembrado, e ela acaba ficando relegada ao papel da garota que dançou cheek to cheek com Fred em 10 filmes. Já até havia comentado sobre isso aqui, quando postei sobre outro filme dela, Vivacious lady. Filme esse, aliás, que revi durante o período de overdose de Ginger. Acabei assistindo em um mesmo fim de semana esse e mais três outros filmes: No teatro da vida (1937),  Era uma lua-de-mel (1942) e A incrível Suzana (1942). Esse último foi o que mais gostei, e que acabou até entrando na minha lista de favoritos. Eu adorei o filme, e só depois fiquei sabendo que ele fora dirigido por Billy Wilder, um dos meus diretores favoritos. No original The major and the minor foi o primeiro filme que ele dirigiu em Hollywood. 

A boa combinação entre Ginger e Ray Milland (que eu ainda não tinha visto em uma comédia), e o humor delicioso de Billy Wilder, A incrível Suzana é uma boa pedida para quem procura um filme para dar boas e fáceis risadas nesse fim de semana. Afinal, é uma sátira que quase não se leva a sério. Uma comédia de troca de identidade, que funciona principalmente apoiada em seus versáteis protagonistas, possuidores de uma grande química juntos nas telas.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Os pássaros (1963)


O camponês Nat ouve um barulho do lado de fora da janela de sua casa. Algo chocou-se contra ela. O inverno acabava de começar. Algo estava errado, um pássaro atirando-se contra a janela, mas o que é isso? Ninguém acredita em Nat, até que pássaros, essas criaturinhas bondosas e passivas, resolvem atacar uma cidade do interior da Inglaterra, causando pânico por onde passam. Assim é o plot inicial do conto da escritora britânica Daphne du Maurier (apesar desse nome que faz com que a gente pense que ela é francesa). Simples, não? Mas pense para adaptar para o cinema. Pensou? Difícil não? Não para Alfred Hitchcock.

Os pássaros foi um filme que cresceu muito dentro de mim. Como a maioria das pessoas, eu estava contaminada pelo germe Psicose, esperando algo muito mais grandioso a seguir. A primeira vez que o assisti confesso que fiquei bastante frustrada. Depois reassisti outras duas vezes e mudei completamente de opinião. Não só é um filme grandioso como um dos pioneiros em efeitos especiais da época. E além do mais, as fofocas e barracos envolvendo Hitchcock e a estrela do filme, Tippi Hedren, também alimentaram minha curiosidade a tal ponto que acabei comprando o livro que continha o conto que deu origem ao filme.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Indiscrição (1945)


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Barbara Stanwyck: a mulher que podia fazer tudo. Uma lenda das telas.

Uma das maiores atrizes da era clássica do cinema estaria completando 107 anos hoje. Com mais de 80 filmes no currículo, Stanwyck sofreu da mesma síndrome que atormenta Leonardo di Caprio: a Academia simplesmente não reconheceu seu talento. Foi indicada ao Oscar quatro vezes, todas por filmes lacradores, e não ganhou nenhum. Mais para o final de sua vida ganhou o prêmio Cecil B. De Mille, o Oscar honorário pelo conjunto da obra. A programação do canal americano, TCM , homenageia a diva exibindo filmes para todos os gostos. É aí que quero chegar.

Não é a toa que coloquei no começo deste post o banner que o TCM está utilizando para anunciar a maratona Barbara Stanwyck. Nas palavras de uma amiga minha: “ela canta, dança, sapateia, samba na cara”. E é verdade. Poucas atrizes conseguiam ser tão versáteis quanto ela. Fez drama (Stella Dallas – um filme para ver e rever), filme noir (lacradora como Phyllis, a vilã de Pacto de Sangue), suspense (Sorry wrong number, QUE FILME!) e muito mais. Nesta pequena homenagem a ela, falaremos sobre uma de suas facetas menos conhecidas, acredito: a comédia. Indiscrição (Christmas in Connecticut) é uma deliciosa surpresa tanto no quesito roteiro quanto atuações.