Por Chris White para o jornal Daily Mail
Traduzido por Jessica Bandeira
O sorriso de orelha a orelha é o mesmo, assim como os grandes olhos azuis que um dia encantaram a América.
Essas fotografias íntimas dão uma visão fascinante de Doris
Day, estrela de cinema reclusa, e de sua vida após Hollywood, revelada pelo
homem que cuidou dela por quase 40 anos. Pela primeira vez, Sydney Wood nos deu
acesso a seu precioso álbum de fotografias, do tempo em que trabalhou para
Doris – e revelou seus receios pela mulher um dia conhecida como a queridinha
da América. Sydney, 71 anos, foi o assistente pessoal da estrela, guarda costa
e confidente mais próximo e, quebrando seu silêncio, disse ao MailOnline: “Doris não é o que costumava
ser e atualmente vive confinada em sua casa na maior parte dos seus dias”.
“Ela costumava ter as pessoas certas cuidando dela. Só que
agora sua casa está cheia de pessoas diferentes, que estão com ela porque ela é
a Doris Day. Temo que eles não estejam cuidando dela direito”.
Nascido e criado em Suffolk, Sydney coordenava o fã clube de Doris Day na Inglaterra e trocava
cartas e telefonemas com a atriz-cantora antes que ela lhe pedisse para trabalhar para ela em 1979. Apesar de evitar a fama e isolar-se, a vida da estrela ainda incluía visitas surpresas de Sir
Paul McCartney e ligações de seu antigo admirador, o presidente Ronald Reagan –
além de sanduíches de presunto no café da manhã.
Depois de tomar
a decisão de se aposentar dos filmes em 1968, Doris se mudou para uma
propriedade de 11 acres
no estado de Carmel, na Califórnia – afastando-se dos holofotes com a ajuda de
um leal círculo íntimo. Ela até mesmo mudou seu nome para Clara Kappelhoff –
seu nome de batismo é Doris Mary Ann Kappelhoff – e nas raras vezes em se aventurou a sair de casa, foi vista passeando pela pitoresca comunidade
sem maquiagem, com um chapéu de palha, calça de abrigo e tênis.
Sydney ainda disse que Doris, cujos filmes de grande sucesso incluem Ardida como pimenta e Confidências à meia-noite, manteve os mesmos empregados durante décadas e os tratava como amigos íntimos até recentemente. Ele revela: “Um amigo meu foi jantar com Doris recentemente e ela o serviu em pratos de papel. Isso jamais teria acontecido na minha época. Ela tinha o maior orgulho em cuidar bem da casa. Ela sempre estava fazendo ligações, recebendo ligações, saindo para tomar café da manhã, saindo para almoçar, levando os cachorros para passear”.
“Gosto da Doris e ela tinha uma vida tão ativa. Mas agora ela tem uma enfermeira vivendo com ela porque ela está nos seus 90 e tantos, sua saúde não é mais o que era”.
A maior campeã das bilheterias da história de Hollywood, Doris, conseguiu retirar-se da vida pública para se tornar uma
estranha visão fugaz na mercearia ou na festa beneficente. Depois de se aposentar, ela se devotou aos seus amados
cachorros e à caridade aos animais. Foi fotografada publicamente pela última
vez em 2008.
Mas longe da vida mimada que Doris, quatro vezes casada,
poderia ter levado – ou que se esperava que tivesse levado – Sydney fala sobre
um dia comum em sua vida: “Ela descia de roupão e ia para a cozinha. Preparava
sanduíche de presunto ou cereal, café ou chocolate quente, dependendo do humor,
depois alimentava os animais com biscoitinhos e preparava a refeição principal do café da manhã
deles. Ele até mesmo revelou que ela tinha uma lavadora no quarto: “Ela sempre
dizia que era a melhor passadora de roupas. Se você lhe desse uma vassoura, não
tinha jeito de tirar dela, ela adorava varrer; ela a tirava de mim quando eu
estava no lado de fora varrendo”.
E quando
discutiam sobre seus filmes de sucesso, Doris – sempre perfeccionista – repetia
a mesma coisa: “Eu poderia ter feito melhor”.
Dinheiro não era a questão quando trabalhei com
Doris, diz ele. “Eu estava ganhando mais ou menos sete dólares por hora quando
comecei, o que não era muito, mas ela nunca ficou me devendo, tudo foi pago. Nunca vi a cara de
uma conta até deixar de trabalhar para ela. Éramos os melhores amigos”.
Doris fez 39 filmes e gravou 29 álbuns e, ao longo de sua
carreira, trabalhou ao lado de muitas estrelas, de Bing Crosby e Frank
Sinatra até Cary Grant e Clark Gable.
No entanto, Sydney, que vive atualmente em Maine, em New
England, disse que ela esconde a maioria dos mementos da vida que levava:
“Existe literalmente milhões de memorabilia embrulhados em papel – discos de
ouro, prêmios da billboard, capas de revista e todos estão guardados em caixas
no quarto de hóspédes. Ela não é o tipo de pessoa que precisa mostrar o que fez
na vida”.
Mesmo envelhecendo, Doris ainda estava determinada a manter
sua independência, acrescenta Sidney: Ela continuou fazendo os serviços da casa. Com exceção de viagens ocasionais de um dia a San Francisco ou Monterey ,
Doris passava a maior parte de seu tempo “se movimentando entre sua casa e Carmel ”. Sydney acrescenta:
“Ela dava comida aos cachorros às 16:30; então ia para a cama e comia um snack assistindo
tv. Doris assistia muitos programas da TV britânica no canal CBS e era absolutamente
apaixonada por Judi Dench. Ela adorava séries de comédia, como As time goes by, sempre achou que era muito bem escrito”. Nove horas da noite era o horário de dormir naquela época.
Ela pensava que Sydney estava brincando quando o ex-beatle, Sir Paul McCartney, do nada ligou, como lembra Sydney: "Ela disse: Os
Beatles? Desligue, deve ser pegadinha". E depois ela falou com ele durante 90 minutos, desligou
o telefone e disse : "Ele quer vir aqui em casa. Quer ver os cachorros, gostou
de um dos meus filmes e quer falar sobre minha carreira".
Sir Paul e sua ex esposa, Heather Mills, foram até
Carmel e levaram para Doris uma vaso de plantas e biscoitos feitos pela
organização Girl Scouts, uma visita
que durou cinco horas, como relembra Sydney: “Paul me pediu para tirar uma foto
dos três. Eles se abraçaram e se despediram, não tenho ideia do que
conversaram, mas tenho certeza de que deve ter sido sobre a carreira dela. Ele
adorou a propriedade e o que ela fazia lá. Ele ainda telefona para ela”.
Apesar da paixão por comida, Doris mantinha uma
dieta hollywoodiana: “Ela nunca comeu muito, mas sempre gastava o que
comia. Ela nunca ganhou peso, ela tem o mesmo peso de quando estava no
auge”.
“Doris sempre esteve ocupada, mesmo
quando se aposentou, sempre se mantinha em movimento o tempo inteiro”.
Enquanto Doris era abençoada com os luxos de sua carreira
bem-sucedida, sua vida amorosa e familiar estava infestada de tragédia. Ela ficou com o coração partido quando seu único filho,
produtor e compositor conhecido por seu trabalho com os Beach Boys e The Byrds ,
Terry Melcher, morreu em 2004 aos 62 anos após uma longa batalha contra o
câncer. Seu neto, Ryan, único filho de Terry, trabalha atualmente como corretor
de imóveis em Carmel, mas se recusa a falar sobre sua famosa avó.
Terry casou-se novamente na época em que Sydney voltou a
trabalhar para Doris, nos anos 2000, e mesmo depois de ter se mudado para Santa
Monica, ligava todos os dias para sua mãe. Fotografias de Terry estão por toda a casa, inclusive em
uma vitrine. Sobre isso Sydney diz: “Tenho certeza de que em momentos íntimos, após seu falecimento, Doris deveria olhar muito para aquelas fotos. Terry era
tudo que ela tinha. Eles eram muito mais que mãe e filho. Eles costumavam andar por toda a propriedade conversando”.
“Mas Doris nunca se sentia sozinha, sempre havia muitas pessoas para quem ligar, e acho que é por isso que ela também gostava de sua própria companhia. Ela nunca teve problemas em ficar sozinha”.
Apesar de sua existência nas sombras, Doris ainda mantinha seus
amigos leais famosos e recebia ligações de Ronald Reagan, sua co-estrela Rock Hudson e Ginger
Rogers.
Sydney diz: “Ronald Reagan ligava quando era presidente.
Ele dissera à imprensa que estava levando um de seus cachorros para seu
rancho em Santa Barbara, já que era muito incômodo que ele ficasse na Casa
Branca. Doris respondeu a essa declaração em um artigo na revista Parade, dizendo que
esperava que o cachorro estivesse sendo bem cuidado agora. Então Ronald ligou
pra ela e disse que o cachorro estava bem, que não precisava se preocupar”.
“Ela o adorava Ronald, eles saíam na
época em que faziam filmes juntos, no começo dos anos 50. Até hoje ela diz que
ele sempre está falando sobre política. Se ela tivesse feito tudo direitinho,
teria se tornado a primeira dama”.
“Doris entendia o mundo de Ronald, achava que ele era um grande
presidente. Ela é uma republicana de carteirinha”.
Sydney deixou de trabalhar para Doris em 1996 e se mudou
para a Flórida, anteriormente afirmando que eles não se aguentavam mais.
No entanto, em 1998, o filho de Day, Terry Melcher, o
convidou para uma visita e ofereceu o emprego de volta. Sydney voltou a
trabalhar em 2000, durante seis anos.
Doris comemora seu 91º aniversário no dia três de abril, e
Sydney lembra ter feito uma brincadeira com sua vitalidade sem idade. “Eu
sempre dizia a ela: você vai viver para sempre, vai bater todo mundo. Ela
apenas ria e dizia para eu parar de ser idiota”.
Opinião da tradutora do artigo:
Opinião da tradutora do artigo:
- Qual é o grande problema em Doris sair na rua sem maquiagem e de calça de abrigo?
- O fato de ela querer viver reclusa não faz de Doris uma louca. Acredito que em certo ponto os artistas ficam cheios da fama e só querem viver uma vida normal. Ninguém pode negar isso a ela.
- Doris comemorará 90 anos este ano e não 91 como a reportagem afirma (
sim, sou chata e fã de Doris para corrigir!) - Daily Mail se supera no sensacionalismo cada dia mais, credo.
Publicado e traduzido por Jessica Bandeira.
Parabéns. Bela matéria. Muito boas as suas opiniões no final.
ResponderExcluirEntão ela morreu??
ResponderExcluirTenho 60 anos hoje...fã de Dóris Day,desde os 12 anos de idade.Naquela época(tv em preto e branco)assistia muitos filmes na Sessão da tarde,programa da TV Globo.Ainda bem que eu posso assistir no youtube.
ResponderExcluirO neto dela perdeu a chance
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