John Wayne é sinônimo de bom western. Com Dean Martin, Walter Brennan, Angie Dickinson e Ricky Nelson no mesmo filme então, não podia mesmo dar errado. E Howard Hawks dirigindo, preciso dizer mais?
Feito como uma resposta ao filme Matar ou morrer, de 1955, que, diga-se de passagem, irritou John Wayne, Onde começa o inferno mostra que xerife bom é aquele que não tem medo de sacrificar-se pelo bem de sua cidade.
Diferente do personagem de Gary Cooper em Matar ou Morrer, que sai recrutando os moradores de sua cidade para enfrentar uma ameaça de morte, John T. Chance (Wayne), apesar da oferta de ajuda dos moradores, decide encarar sozinho a parada.
Comecemos pelo começo: Chance é o xerife de uma cidadezinha do Texas, que prende um grande proprietário de terras que domina a região, tomando tudo de todos com a ajuda de seus capangas (alguém lembrou da família Sarney?). É claro que com isso ele atrai a raiva da família do rancheiro mauricinho, sobretudo de seu irmão, que promete atacar a cidade e tirar o homem da cadeia.
Para lutar contra essa ameaça, Chance conta apenas com a ajuda de dois amigos seus, que o ajudam como auxiliares na cadeia. Um deles é o desiludido alcoólatra Dude (Dean Martin, pela primeira vez em um papel em que ele não parecia estar interpretando a si mesmo), e o rabugento Stumpy (Walter Brennan), que tem um problema em sua perna que o faz mancar.
Os moradores da cidade se oferecem para ajudar o xerife, mas ele recusa, afirmando que o dever é seu (claramente uma alfinetada no plot de Matar ou morrer). Apesar disso, alguém acaba morrendo nesse perigoso jogo entre bandidos e mocinhos.
Aí entra o personagem de Ricky Nelson, que vem como um reforço para a polícia da cidade. Também a chegada da ousada Feathers (Angie Dickinson), uma inesperada ajudante, que acaba fazendo com que Chance reveja sua fama de durão. Feathers é, aliás, puramente uma personagem de Howard Hawks: atrevida, audaciosa, não leva desaforo para casa e não se curva diante dos homens. O diretor jamais escondeu sua predileção por personagens femininas que seguem esse estilo. A personagem de Angie Dickinson, mesmo em um filme considerado masculino, domina boa parte das cenas.
Essa inusitada equipe se volta contras os bandidos que ameaçam a segurança da cidade, e o resultado é o tradicional, é claro. Mas o ponto positivo e que faz com que Onde começa o inferno se destaque, é justamente ao mostrar a fraqueza do homem, seja em Dude, seja no atrapalhado amor de Chance por Feathers, no jovem Colorado, de Ricky Nelson e no engraçado Stumpy, que supera as dificuldades de sua deficiência. O filme é uma lição de amizade, coragem, sacrifício e valor, em seus sentidos mais puros.
Além disso, como não poderia deixar de ser com dois cantores no elenco, temos bons momentos musicais como o dueto de Martin e Nelson em My riffle, my pony and me e Cindy.
Onde começa o inferno é um clássico inevitável do cinema, que influenciou muitos outros que vieram depois. Com ótima direção, fotografia e elenco, o filme pode ser considerado um tradicional western (é sempre citado um dos melhores do gênero), mas que se diferencia dos outros por mostrar como homens de verdade, com todos os seus defeitos e suas fraquezas, encaram os desafios, sejam eles quais forem.
Publicado por: Camila Pereira.
Comecemos pelo começo: Chance é o xerife de uma cidadezinha do Texas, que prende um grande proprietário de terras que domina a região, tomando tudo de todos com a ajuda de seus capangas (
Para lutar contra essa ameaça, Chance conta apenas com a ajuda de dois amigos seus, que o ajudam como auxiliares na cadeia. Um deles é o desiludido alcoólatra Dude (Dean Martin, pela primeira vez em um papel em que ele não parecia estar interpretando a si mesmo), e o rabugento Stumpy (Walter Brennan), que tem um problema em sua perna que o faz mancar.
Os moradores da cidade se oferecem para ajudar o xerife, mas ele recusa, afirmando que o dever é seu (claramente uma alfinetada no plot de Matar ou morrer). Apesar disso, alguém acaba morrendo nesse perigoso jogo entre bandidos e mocinhos.
Aí entra o personagem de Ricky Nelson, que vem como um reforço para a polícia da cidade. Também a chegada da ousada Feathers (Angie Dickinson), uma inesperada ajudante, que acaba fazendo com que Chance reveja sua fama de durão. Feathers é, aliás, puramente uma personagem de Howard Hawks: atrevida, audaciosa, não leva desaforo para casa e não se curva diante dos homens. O diretor jamais escondeu sua predileção por personagens femininas que seguem esse estilo. A personagem de Angie Dickinson, mesmo em um filme considerado masculino, domina boa parte das cenas.
Essa inusitada equipe se volta contras os bandidos que ameaçam a segurança da cidade, e o resultado é o tradicional, é claro. Mas o ponto positivo e que faz com que Onde começa o inferno se destaque, é justamente ao mostrar a fraqueza do homem, seja em Dude, seja no atrapalhado amor de Chance por Feathers, no jovem Colorado, de Ricky Nelson e no engraçado Stumpy, que supera as dificuldades de sua deficiência. O filme é uma lição de amizade, coragem, sacrifício e valor, em seus sentidos mais puros.
Além disso, como não poderia deixar de ser com dois cantores no elenco, temos bons momentos musicais como o dueto de Martin e Nelson em My riffle, my pony and me e Cindy.
Onde começa o inferno é um clássico inevitável do cinema, que influenciou muitos outros que vieram depois. Com ótima direção, fotografia e elenco, o filme pode ser considerado um tradicional western (é sempre citado um dos melhores do gênero), mas que se diferencia dos outros por mostrar como homens de verdade, com todos os seus defeitos e suas fraquezas, encaram os desafios, sejam eles quais forem.
Dean Martin dá tudo de si no grande papel de sua carreira como Dude, um homem que perdeu a fé na vida e em si mesmo, que, além de tudo, é motivo de chacota na cidade por causa de seu vício. |
Dickinson e Hawks no set de gravações. |
Angie e Dean nos intervalos de gravação. |
Publicado por: Camila Pereira.
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